Gostaria de iniciar as publicações deste ano com um tributo a Daisaku Ikeda, que é um filósofo e escritor japonês. É que hoje pela manhã estive em uma cerimônia budista alusiva aos 49 dias de falecimento dele. Este evento teve sede em São Paulo e contou com participações de pessoas de todos os estados brasileiros, do Japão, da Noruega e da Suíça.
Quem é Daisaku Ikeda?
Ikeda foi presidente da organização neobudista Soka Gakkai Internacional (SGI). Além disso, tornou-se conhecido como prolífico autor de romances, ensaios e poemas sobre direitos humanos, paz, sociedade, juventude, preservação do meio ambiente, arte e cultura. No Brasil, ocupa, desde 1993, a cadeira de número 14 da Academia Brasileira de Letras (ABL) como sócio correspondente da instituição.
Por que um tributo a Daisaku Ikeda?
Tive o prazer de biografar a jornada de Daisaku Ikeda no livro “Ikeda, um Século de Humanismo” (2020). Essa publicação, com prefácio da saudosa jornalista e autora Vera Golik (“De Peito Aberto”, 2010) traça um olhar sobre a trajetória intelectual de Ikeda.
Então, na obra, argumento porque a obra do autor transcende o sectarismo, de modo a partir de parábolas e reflexões abstratas da filosofia budista para consolidar uma produção com respostas concretas aos sofrimentos humanos. Além disso, traço um panorama dos diálogos pacifistas de Ikeda com figuras que vão da primeira ministra do Reino Unido Margaret Thatcher ao premiê soviético Alexei Kosigyn.
Daisaku Ikeda, críticas e polêmicas
Afinal, Ikeda dialogava com líderes de posicionamentos distintos e sabia buscar o que havia de melhor e positivo nos ideais de cada um deles. Um dos feitos do filósofo foi atuar no processo de normalização das relações sino-nipónicas ao lado do premiê chinês Zhou Enlai, o que foi alvo de uma grande resistência e de duras críticas da imprensa japonesa à época. Mesmo assim, ele seguiu seu legado em prol da paz e do conhecimento.
Dos encontros com Enlai surgiram algumas reflexões no que se refere à participação social dos jovens. Ou seja, é preciso valorizá-los, respeitá-los de modo a lhes conferir responsabilidades, e aprender com eles. Enfim, cabe justamente a essa juventude a missão de suceder um legado tão grandioso como o de Daisaku Ikeda. Que venha 2024!
Autora
Sophia Mendonça é uma jornalista, escritora e pesquisadora brasileira. É mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+
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