Victor Mendonça
A sexualidade é um assunto polêmico. Quando falamos da sexualidade de pessoas no espectro autista, então, é um tema que gera curiosidade e, pelo que sinto, muita angústia por parte dos pais de autistas. Tudo bem, este é um receio comum em diversas famílias, não apenas aquelas que têm parentes enquadrados ao TEA. Contudo, o que noto é que há um determinado receio aumentado, nestes casos, em função da ingenuidade, falta de maldade e, em especial, da dificuldade de comunicação, por vezes severa, dos autistas.
Recentemente, entrei neste universo da sexualidade – talvez algo que sempre esteja ali e que acaba despertando em algum momento da vida. Como muitos autistas, a minha sexualidade se desenvolveu tardiamente. Ela sempre esteve ali, mascarada por um medo de crescer muito forte, de tomar as rédeas da própria vida que bagunçou a minha cabeça e, claro, a de minha mãe. Um novo ciclo da minha vida se iniciava, e não estou falando de sexo. A sexualidade envolve muito mais.
Todo o processo de flerte é bastante complexo e exige forte malícia social. A questão: será que eu estou preparado para isso? Eu não posso responder mais nada, exceto que este é um processo que cabe apenas a mim, e a pessoa que estiver envolvida nesta relação. Para o flerte ser funcional, o autista deve dar a entender que gosta da pessoa sem ser muito explícito. Chegar de uma vez costuma ser problemático para homens e mulheres na ponta leve do espectro. Nunca chegar na pessoa de quem gosta, não saber se ela gosta ou não também é desafiador e, muitas vezes, sentimos algo, mas não percebemos o que, de fato, está acontecendo. Mas e o autista severo?
A sexualidade existe e faz parte do ser humano em sua plenitude. Reprimi-la pode não ser o caminho. Qual será a estrada a seguir, sabendo dos perigos que envolvem a relação humana em todas as suas nuances? Talvez a questão não seja evitar a sexualidade, mas entendê-la como algo natural e agir na causa do sofrimento do autista. Para isso, o recomendável é um bom tratamento psicoterápico que ensine a pessoa com TEA a compreender a complexidade da relação humana – as maldades, as nuances, os jogos.
Embora eu seja autista leve, pessoas em extremidade severa do espectro também precisam ter isso trabalhado, mas de outra maneira; uma forma que respeite o seu modo de aprendizado. Isto se aplica aos autistas não verbais. Exigirá uma conscientização da família, em primeiro lugar, e também a ajuda profissional que ensinará, de uma forma diferente do que é feito com autistas de alto funcionamento, regras sociais. Ser privado do direito da sexualidade pode trazer sofrimento. Que os autistas possam se tornar plenos enquanto seres humanos!
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.
Muito bom, VIctor. Esclarecendo e informando sobre esse momento tão significativo na vida de um adolescente! Principalmente quando tem TEA no meio da história…
Ooi!!! Meu namorado tem 36 anos e descobriu a mais ou menos dois meses que ele é AS, tem seis meses que não fazemos sexo ou que não temos nenhum tipo de contato sexual,ele diz que me deseja,que gosta de sexo mas não sabe como fazer,iniciar ou agir.Gostaria de aprender como lidar para poder ajuda-lo e ensina-lo porque ele ainda não se aceita como AS,tem um grande preconceito consigo mesmo,e eu tento dar o meu melhor para entender tudo sobre AS e ajuda-lo,mas quanto a sexo não estou achando nada realmente efetivo que o ajude.Serà que tu pode me ajudar?