Fernanda Torres, ‘nepo babies’ e a glamourização do artista são tema da coluna da jornalista e escritora Sophia Mendonça para o UAI.
Um dos aspectos que me chamou a atenção nessa entrevista de Fernanda Torres, que é uma das minhas atrizes favoritas, para a Vanity Fair foi a fala sobre os nepo babies. O uso desse termo, que significa bebês do nepotismo em tradução literal, começou em Hollywood e vem sendo usado também no Brasil. O conceito refere-se aos filhos de pessoas já estabelecidas no mundo das artes e do entretenimento que seguem a carreira dos pais.
O que Fernanda Torres falou sobre os nepo babies
Fernanda considerou que, pelo contrário, é lindo vir de uma família com tradição artística. Além disso, esclareceu que conseguir trabalhos na atuação não é assim tão fácil. Afinal, mesmo intérpretes renomados passam por testes difíceis de elenco.
O que isso tem a ver comigo? É que, resguardadas as proporções, eu poderia ser chamada de nepo baby. Comecei a aparecer nas mídias aos doze anos de idade, com críticas de cinema, em veículos como o site Cineplayers!, sem a ligação com o trabalho de meus pais.
Ambos trabalhavam em lugaress renomados na época, como o Jornal Hoje em Dia e a Rádio Itatiaia. Mas meus pais não eram empresários, por isso não tinham poder de decisão contratual. E mesmo assim, só consegui destaque profissional aos 18 anos, portanto 6 anos depois, com o lançamento de Outro Olhar. (2015). Então, tive que ouvir muita coisa desnecessária nesse início da vida profissional. Alguns chegaram a dizer que meus pais é que escreveram o livro, não eu.
A glamourização do artista
No fim, essa ideia de nepo babies é um modo de algumas pessoas glamourizarem certas profissôes como se fossem diversão ou lazer. Assim, ignoram os reais desafios da área para justificar porque não conseguiram algo pelo qual sequer batalharam ou tem interesse em ter como oficio de verdade. Hoje tenho muito orgulho da tradição de criação jornalístico-literária da minha família e busco honrar isso com a minha pròpria trajetória.
Sophia Mendonça é jornalista, professora universitária e escritora. Além disso, é mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Ela também ministrou aulas de “Tópicos em Produção de Texto: Crítica de Cinema “na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), junto ao professor Nísio Teixeira. Além disso, Sophia dá aulas de “Literatura Brasileira Contemporânea “na Universidade Federal de Pelotas (UfPel), com ênfase em neurodiversidade e questões de gênero.
Atualmente, Sophia é youtuber do canal “Mundo Autista”, crítica de cinema no “Portal UAI” e repórter da “Revista Autismo“. Aliás, ela atua como criadora de conteúdo desde 2009, quando estreou como crítica de cinema, colaborando com o site Cineplayers!. Também, é formada nos cursos “Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica” (2020) e “A Arte do FIlme” (2018), do professor Pablo Villaça.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.