A Disney tem procurado novas formas de recontar seus contos de fadas, com resultados por vezes proveitosos. Por exemplo, o remake de “Cinderela” tentava manter-se o mais fiel possível à obra original, mas já trazia maior densidade nas motivações por trás das atitudes dos personagens. Já “Malévola” inovou ao substituir a dicotomia entre bem e mal por figuras complexas e mais próximas à humanidade. “Caminhos da Floresta” segue esta mesma linha. Esta é uma produção ousada, por não ser deveras infantil. Assim, apropria-se da moral, por vezes macabra, dos contos originais dos irmãos Grimm.
Caminhos da Floresta é um musical ousado da Disney
A produção apresenta todos os elementos de um grande filme. Ou seja, o elenco é bárbaro, a obra é baseada em um famoso musical da Broadway, e o cineasta Rob Marshall já demonstrou grande experiência em filmes do gênero. Ele tem em seu currículo até mesmo um vencedor do Oscar de melhor filme, “Chicago”.
Na trama, que mistura diversos enredos dos contos dos Irmãos Grimm, a Bruxa, para conseguir sua beleza de volta e desfazer a maldição lançada sobre a descendência do Padeiro, exige que ele reúna quatro objetos únicos espalhados pelo reino: uma capa vermelha, fios de cabelo loiro, um sapato precioso e uma vaca branca.
Caminhos da Floresta é um dos trabalhos do diretor Rob Marshall para a Disney
“Caminhos da Floresta” tem ótimos momentos, principalmente quando o foco é centrado na força do elenco. Meryl Streep, que pelo papel concorreu ao Oscar de atriz coadjuvante, está soberba. Sua composição é firme, suave e marcante desde o olhar até a voz e evoca toda uma complexidade de uma personagem que poderia ser simplesmente a bruxa malvada. Está é uma interpretação completamente distinta de tudo que ela fez em sua já diversificada carreira.
O filme também conta com desempenhos competentes de Emily Blunt e James Corden nos papéis principais. Blunt, como a esposa do Padeiro, chegou a concorrer ao Globo de Ouro pelo papel. Dessa forma, a atriz está bem como uma mulher comum. Isso porque os dilemas da personagem poderiam sair de qualquer drama voltado ao público adulto. Afinal, ela quer ter filhos e apresenta certos desafios conjugais.
Elenco de alto nível é trunfo do filme
Anna Kendrick e Chris Pine também merecem destaque como Cinderela e o Príncipe Encantado. E Kendrick, que tem ampla experiência na Broadway, protagoniza um dos melhores números musicais do longa-metragem: “On the Steps of the Palace”. Além disso, é interessante ver uma Cinderela que não se contenta apenas com o casamento. Afinal, ela tem o poder de escolha nas suas mãos. Pine também está ótimo ao apresentar um jeito malandro ao Príncipe. Esta composição não condiz com o que esperaríamos de um galã de contos de fadas. Porém, confere verossimilhança à história narrada.
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Avaliação
Autora da Crítica
Sophia Mendonça é uma youtuber, podcaster, escritora e pesquisadora brasileira. Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.
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