Adoráveis Mulheres, a versão de 2019, encontra-se disponível para os assinantes do Amazon Prime Video e da Apple TV. Aliás, o filme tem direção de Greta Gerwig, que é o nome por trás do esperado filme em live-action da Barbie. Mas, enquanto a nova obra não chega, vale conferir esta produção sublime com o selo de uma das poucas mulheres indicadas ao Oscar de Melhor Direção.
Afinal, Adoráveis Mulheres veio depois de Lady Bird – A Hora de Voar e nos faz analisar os costumes do período em que se passa. Ou seja, a Guerra Civil Americana dos anos 1860. Assim, por meio de personagens fortes e densas e um elenco de primeiro nível, o filme nos convida à percepção social do papel feminino em uma época pautada pelo machismo. Inclusive, um debate que permanece atual.
Sensibilidade feminina é trunfo de Adoráveis Mulheres
Aliás, a sensibilidade da diretora Greta Gerwig parece talhada para trazer à tela, com um vigor atual, a trama de “Mulherzinhas”, livro de Louisa May Acott (1832-1888). Esta obra teve publicação em 1868 como uma versão romanceada da infância e juventude da autora com as irmã. E, embora tenha ganhado até sequencias por razões puramente mercadológicas, foi detestado pela própria Louisa. É que, vítima das pressões editoriais, ela abandonou os suspenses e contos góticos que costumava escrever para lançar algo mais comercial. Mas a boa notícia é que, nesta obra sensível e singular, Greta Gerwig mostra-se a diretora perfeita para revitalizar e atualizar o material original.
Dessa forma, acompanhamos o amadurecimento das irmãs Jo (Saoirse Ronan), Beth (Eliza Scanlen), Meg (Emma Watson) e Amy (Florence Pugh) na virada da adolescência para a vida adulta enquanto os Estados Unidos atravessam a Guerra Civil. Este quarteto apresenta personalidades completamente diferentes. Porém, todas enfrentam os desafios de crescer unidas pelo amor que nutrem umas pelas outras.
Diretora de Barbie é uma das poucas mulheres indicadas ao Oscar
Neste filme, ao trocar a cronologia do livro por uma linha do tempo não linear, Greta Gerwig confere à obra um ritmo agradável e instigante. E mais: ela sabe dialogar um trabalho impecável de fotografia, direção de arte e figurino, de modo que parte do público tenha vontade de parar a tela em alguns momentos da projeção. Essa interrupção ocorre devido à beleza das imagens, mas isso jamais se mostra uma exploração estética vazia. Ou seja, cada cor, cada movimento de câmera, cada uso da trilha sonora está em seu devido lugar e contribui para o avanço inteligente da narrativa.
E se a icônica Meryl Streep rouba todas as cenas em que aparece ao trazer humor e leveza à produção, aqui ela ganha uma “rival” à altura. Esta trata-se de Saiorse Ronan, também de “Lady Bird”, além de “Brooklyn” e “Desejo & Reparação”. Assim, a jovem atriz vive o alterego da autora do livro. Ou seja, compõe uma mulher forte, determinada, que terá um futuro perfeito dos pontos de vida social e financeiro se optar pelo casamento com um jovem que aparece em sua vida.
Contudo, a personagem, mesmo tendo carências, almeja mais. Em outras palavras, ela quer mostrar que as mulheres não estão aqui apenas para amar. Desse modo, a protagonista evidencia toda uma percepção de mundo e talento que podem lhe conferir honra por méritos próprios. Enquanto isso, Emma Watson e Eliza Scanien defendem com vitalidade e brilho seus papéis. Já a sempre brilhante Florence Pugh dá contornos mais sutis à personagem, embora não menos contundentes, assim como Laura Dern.
Avaliação
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Autora da Crítica
Sophia Mendonça é uma youtuber, podcaster, escritora e pesquisadora brasileira. Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Europeia Erasmus+.
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