A chegada da maioridade, bem como o amadurecimento dos jovens que estão passando pela fase de saída da adolescência, é tema recorrente no cinema. Portanto, o aumento de produções com essa temática ocorreu por volta dos anos 80 e 90. Essas décadas nos apresentaram a filmes como As Patricinhas de Bervely Hills. Então, são obras que podem até parecer datadas para as plateias de hoje. Mas que, além de ainda terem seu valor técnico e artístico preservado, tornaram-se clássicos por representarem um registro dos sentimentos e anseios comuns aos jovens dessa época.
Sinopse do filme Dude – A Vida é Assim
Dude – A Vida é Assim é uma produção original da Netflix. E também é um longa-metragem a se enquadrar neste seguimento voltado ao público jovem adulto. Assim, na trama, após os intensos anos do ensino médio, um grupo de amigas precisará lidar com as desvantagens, responsabilidades, problemas e desafios da vida como jovens adultas.
Porém, o filme parece um tanto quanto datado. E exceto pela excelente interpretação de Lucy Hale (da série Pretty Little Liars) não apresenta grandes diferenciais que o destaquem em um filão já muito visto e refilmado. Dessa forma, embora seja muito bem realizado e consiga manter o espectador pelos 90 minutos de duração, o projeto não apresenta novidades. Além disso, parece ter sido lançado com certo atraso no tempo, soando como uma produção que já nasceu com o prazo de validade esgotado.
Dude – A Vida é Assim é bom?
Isto não significa, de forma alguma, que Dude seja ruim. Na verdade, ele passa longe de desapontar o espectador. Mas a única grande frustração presente no trabalho da cineasta Olivia Miltch é confiar demais no potencial de suas atrizes, que realmente cumprem bem seus papéis. E, com isso, deixar de lado um maior cuidado com o roteiro, também de autoria dela. E que surge como um amontoado de clichês há muito revisitados, tão óbvios quanto os palavrões que não saem da boca dos personagens ou as inúmeras referências ao uso de drogas.
Mas, apesar deste problema, Dude vai crescendo ao longo da projeção. Assim, revela-se uma produção interessante que aborda as frustrações vindas como consequência das primeiras perdas da vida de quem acabou de passar para a fase adulta. Aliás, o sentimento de luto está presente de forma incômoda durante toda a projeção. O que é coerente com os objetivos da obra de provocar no público o mesmo desconforto vivido pela protagonista. Da mesma forma, as decepções de Lily (Lucy Hale) com o grupo de amigas também é um ponto interessante e bem trabalhado. Ou seja, mostra as expectativas que cultivamos na tenra idade da saída do Ensino Médio e que, na verdade, revelam mais sobre nós que sobre as outras pessoas.
Lucy Hale brilha em Dude – A Vida é Assim
Por outro lado, os conflitos com os pais acabam ficando de lado em vários momentos da obra, que, por ser muito curta, acaba oscilando entre o profundo e o superficial. Assim, deixa a sensação de que poderia ter um tempo maior de projeção para dar mais atenção aos personagens. Então, o mérito vai para um elenco firme e bem dirigido. Afinal, mesmo com atores em sua maioria bastante jovens, a diretora Olivia Miltch conseguiu arrancar interpretações sempre maduras e consistentes, que nos levam a nos importam com o destino de cada uma dessas pessoas a que acompanhamos na tela. Este é um dos maiores acertos do longa-metragem.
Outro trunfo da produção é a interpretação de Lucy Hale, que merece um destaque especial com sua complexa Lily. Afinal, a atriz consegue abordar os defeitos da personagem, que apresenta uma postura meio arrogante, de uma forma que não a torne antipática. Pelo contrário, é esse tom na interpretação que garante que percebamos a humanidade da protagonista, a qual se torna uma personagem tridimensional em seu amor pelas amigas e também em suas fragilidades. Além disso, Hale também tem a chance de mostrar seu talento como atriz dramática em vários momentos do ato final.
Avaliação
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Autora da Crítica
Sophia Mendonça é uma youtuber, podcaster, escritora e pesquisadora brasileira. Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.
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