Crítica: Anora (2024) - O Mundo Autista
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Crítica: Anora (2024)

A violência do sonho americano em Anora, de Sean Baker, ganhador da Palma de Ouro em Cannes e favorito ao próximo Oscar.

A violência do sonho americano em Anora, de Sean Baker, ganhador da Palma de Ouro em Cannes e favorito ao próximo Oscar.

A violência do sonho americano em Anora, de Sean Baker, ganhador da Palma de Ouro em Cannes e favorito ao próximo Oscar.

Anora é uma comédia dramática encantadora sobre uma garota de programa e dançarina de striptease que, de maneira inusitada, se vê casada com um playboy bilionário. O mais interessante do longa-metragem, além da interpretação formidável de Mikey Madison, é o modo como o diretor e roteirista Sean Baker transforma a história em uma montanha-russa de gêneros e tons. Isso vai do conto de fadas juvenil a comédia caótica no estilo dos anos 30.

A violência do sonho americano em Anora, de Sean Baker

Todo esse caos ocorre para revelar toda a violência que a história esconde. Afinal, a obra mostra as contradições do sonho americano de mobilidade social quando este se encontra com o preconceito. Além disso, Anora humaniza a figura daquela prostituta. Aliás, Madison a encarna com a antítese da força e da impotência. Essa humanização também se dá porque a personagem, que acredita estar vivendo um conto de fadas, logo se percebe na armadilha de se notar como apenas mais uma na vida do rapaz que verdadeiramente amou.

Outro destaque do elenco é o ator Yuti Borisov, cujo personagem desperta a fúria de Anora. E, embora ela tenha razão em se sentir ultrajada com a sua presença, ele faz isso justamente por ser quase tão vítima da situação quanto ela. Não à toa, ele é o único que demonstra empatia pela protagonista. Isso acontece, inclusive, por ele evidenciar a admiração de ver aquela mulher lutando contra as circunstâncias para preservar a própria dignidade.

Favorito ao Oscar, Anora merece ganhar o prêmio principal?

Anora é um filme caótico e extremamente engraçado, com um ritmo alucinante, mas jamais deixa de soar autêntico. Essa qualidade se deve tanto à ótima direção de atores por Sean Baker quanto pela fotografia de Drew Daniels, que sabe trabalhar as cores e a luz para criar uma atmosfera realista. Além disso, o final é chocante. Afinal, ele frustra as expectativas de redenção que costumamos esperar de uma narrativa como essa. Porém, também sugere belos caminhos de uma maneira poética.

Vídeo

Crítica de Anora, o filme favorito ao Oscar 2025

Avaliação

Avaliação: 4.5 de 5.

Sophia Mendonça é jornalista, professora universitária e escritora. Além disso, é mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Ela também ministrou aulas de “Tópicos em Produção de Texto: Crítica de Cinema “na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), junto ao professor Nísio Teixeira. Além disso, Sophia dá aulas de “Literatura Brasileira Contemporânea “na Universidade Federal de Pelotas (UfPel), com ênfase em neurodiversidade e questões de gênero.

Atualmente, Sophia é youtuber do canal “Mundo Autista”, crítica de cinema no “Portal UAI” e repórter da “Revista Autismo“. Aliás, ela atua como criadora de conteúdo desde 2009, quando estreou como crítica de cinema, colaborando com o site Cineplayers!. Também, é formada nos cursos “Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica” (2020) e “A Arte do FIlme” (2018), do professor Pablo Villaça.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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