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O abuso e a responsabilidade das Escolas de Medicina

Ex-funcionária denuncia abusos do médico Renato Kalil. Ele foi acusado de violência obstétrica pela influenciadora Shantal. A reportagem de ontem, no Fantástico, sobre violência obstétrica, mexeu comigo. Sinceramente, penso que não existe nenhuma mulher de até 35 anos, que não tenha passado por algum tipo de abuso médico. Portanto, já chega! Por exemplo, é importante denunciar, sempre. Mas igualmente importante, é cobrar sobre o abuso e a responsabilidade das escolas de medicina.

Números das Escolas de Medicina

No Brasil, temos um total de 351 Escolas Médicas, com 35 mil 558 vagas ofertadas por ano. Os valores das mensalidades dos Cursos de Medicina em Minas Gerais, para 2022, vão de 6 mil 803 reais, no Instituto de Ciências da Saúde, em Montes Claros até 10 mil 646 reais no Centro Universitário UNI-BH. E qual é o perfil do estudante que entra para essas escolas?

Perfil do estudante que ingressam nas Escolas de Medicina

Uma breve pesquisa na internet, e temos a resposta. Autodidata, o estudante de medicina precisa gostar de estudar por conta própria, ler artigos, estudar assuntos relacionados à ciência e gostar de ajudar pessoas. Assim, todas essas características podem ser desenvolvidas com disciplina. Desse modo, a disciplina é um fator fundamental para o aluno deste curso. Contudo, o que a mesma busca na internet nos aponta para o perfil do profissional da área de saúde é:

Em primeiro lugar: As profissões da área da saúde cuidam e atendem pessoas. Para isso, é necessário ter um bom relacionamento interpessoal, ou seja, saber ouvir e conversar com o próximo, prezar pelo respeito e ter habilidade para lidar com diferentes pessoas. Em segundo lugar: Para lidar com essas situações e prestar um atendimento de qualidade, é preciso ter um raciocínio humanizado, com empatia e paciência. Em terceiro lugar: ter estabilidade emocional é essencial. Então, além de cuidar da saúde das outras pessoas, é fundamental que o estudante cuide de si e esteja preparado para todas as adversidades do dia a dia acadêmico e profissional. Por fim, quarto: Nesse contexto, é importante gostar de estudar e de se atualizar em relação aos avanços na área. Porém, mais que frequentar as aulas, é preciso ir a congressos, workshops e ler artigos científicos, inclusive em inglês, para se manter informado.

Perfil do aluno de medicina X Perfil do médico formado

O perfil do aluno que ingressa nas escolas de medicina exige uma excelente condição socioeconômica. Mesmo se considerarmos as faculdades federais de medicina, o custo da formação é muito alto. Quando confrontamos a realidade desses estudantes com a realidade da população que será atendida por eles, percebemos o abismo que há entre elas.

Portanto, como ficam as 4 características básicas para que o formando seja bom médico? Gostar de atender pessoas. Será? Já que a maioria sequer conhece a realidade das classes sociais menos abastadas. Ter raciocínio humanizado. Oi? Para ter raciocínio humanizado a premissa básica é ter formação humanística e humanitária. Ter estabilidade emocional. O quê?

É só pesquisar a relação de expressivo número de estudantes de medicina (e até de médicos) com as substâncias com alto poder viciante. Gostar de estudar. Heim? Muitos médicos, infelizmente, frequentam congressos como uma forma de turismo bancado pela indústria farmacêutica. Certamente, existem as honrosas exceções. E são muitas. Ufa!

Por que as faculdades de medicina precisam repensar o abuso e a sua responsabilidade na formação médica

Em primeiro lugar, educação não é mercado. Muito menos educação para formação profissional. Portanto, antes de inferir que o aluno já possui as qualidades para ser um bom médico, é preciso investir no ensino prático de todas elas. Além disso, sabemos que a medicina anda a passos largos, junto com a tecnologia. É preciso, portanto, acompanhar par e passo esse avanço. Aliás, é necessário mais: é necessário formar médicos que conheçam das principais doenças existentes em nosso país.

Quem procura um médico, já se encontra numa situação fragilizada. Empatia é o mínimo que se espera desse profissional. Nada de ares arrogantes, tom técnico e distante e aquela cara de “eu não preciso explicar nada para você”. Como assim? Não é sobre doença. É sobre saúde. A saúde de um ser humano. Dessa forma, é lei: vidas humanas sempre importam.

Diante das denúncias contra o médico Renato Kalil, há que se repensar na qualidade de formação desses profissionais. São várias denúncias de pacientes. Mas não para por aí. Existem várias testemunhas. Por exemplo, enfermeiros, anestesistas, médicos assistentes, o pai – no caso de parto. Até fotógrafas deram depoimento contra essa pessoa.

O abuso, responsabilidade das Escolas de Medicina, o autismo e outras PCDs

Eu já sofri abuso médico. A primeira vez, eu tinha 18 anos e a ingenuidade de uma autista. Ainda assim, gritei, esperneei e fui rotulada, pelo ‘doutor’, de histérica. Outras tantas vezes, ficava confusa com o tratamento recebido pelo médico. Não conseguia definir se era intencional ou ‘sem malícia’. Então, decidi: não vou a uma consulta sozinha. Nunca.

Para quem pensa que todas nós temos medo de denunciar, saibam:

  1. O CRM – Conselho Regional de Medicina é corporativista.
  2. Os médicos são corporativistas entre si.
  3. E, o mais dramático, médicos são endeusados. Lidam com a vida. São vistos como ‘cidadão acima de qualquer suspeita.’ Grande parte da sociedade os vê como deuses. E eles? A maioria tem certeza que é. Infelizmente.
Mundo Autista

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