Lançado em 2000, Todo Mundo em Pânico foi uma reinvenção agressiva e descompromissada das sátiras pastelão. Isso porque os irmãos Wayans se apropriaram do roteiro já metalinguístico de Pânico (1996) para mergulhar em um universo de humor nonsense e besteirol. Com isso, criaram um clássico instantâneo que, além disso, ressuscitou um tipo de comédia que estava em baixa desde os anos 80.
Sátira besteirol dos anos 2000 é mais que uma paródia datada
A genialidade do filme reside em sua capacidade de recriar a atmosfera de filmes como Eu Sei o que Vocês Fizeram de Verão Passado (1997), com um ar de seriedade quase assustador. Essa formalidade estabelece o contraste perfeito para o ridículo que se segue. Afinal, o filme abraça referências aos clichês mais absurdos dos anos 90. E transforma cada situação em uma piada.
O que eleva o filme a outro patamar é a sincronia do elenco e uma enxurrada de piadas propositalmente toscas por minuto. Anna Faris é a verdadeira alma do filme e tem uma performance icônica como a “garota final” que é, ao mesmo tempo, doce e pateta. Seus maneirismos e expressões são, afinal, a personificação da paródia. O filme também brilha com as atuações de Regina Hall e Shannon Elizabeth, além da abertura memorável com Carmen Electra.
A paixão pelo cinema em Todo Mundo em Pânico
Dessa forma, “Todo Mundo em Pânico” é um sucesso de comédia porque, por trás de seu humor pastelão, existe uma criatividade e uma paixão genuína pelo cinema. Isso porque a paródia é feita de forma perspicaz, de um olhar crítico que ridiculariza cada lugar-comum e cada falha de roteiro dos filmes que o inspiraram. Embora as referências a sexo e drogas possam se tornar repetitivas, o filme transcende a paródia datada e se mantém como uma sátira relevante.
Todo Mundo em Pânico está disponível na Paramount e na Netflix
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Avaliação

Sophia Mendonça é jornalista, professora universitária e escritora. Além disso, é mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Ela também ministrou aulas de “Tópicos em Produção de Texto: Crítica de Cinema “na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), junto ao professor Nísio Teixeira. Além disso, Sophia dá aulas de “Literatura Brasileira Contemporânea “na Universidade Federal de Pelotas (UfPel), com ênfase em neurodiversidade e questões de gênero.
Atualmente, Sophia é youtuber do canal “Mundo Autista”, crítica de cinema no “Portal UAI” e repórter da “Revista Autismo“. Aliás, ela atua como criadora de conteúdo desde 2009, quando estreou como crítica de cinema, colaborando com o site Cineplayers!. Também, é formada nos cursos “Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica” (2020) e “A Arte do FIlme” (2018), do professor Pablo Villaça. Além disso, é autora de livros-reportagens como “Neurodivergentes” (2019), “Ikeda” (2020) e “Metamorfoses” (2023). Na ficção, escreveu obras como “Danielle, asperger” (2016) e “A Influenciadora e o Crítico” (2025).
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

