“Oito Mulheres e um Segredo” mostra que recontar e adaptar velhas histórias e formatos não é necessariamente um mal para o cinema. Isso é uma confirmação do que pode ser visto em obras de grandes diretores como Quentin Tarantino e o próprio Steven Sodebergh, que assina a produção deste longa-metragem. Então, como o trabalho desses cineastas aponta, a originalidade de uma produção está mais ligada à forma como ela utiliza-se de velhos artifícios e não ao conteúdo do roteiro em si.
Oito Mulheres e um Segredo é entretenimento de ótima qualidade
Assim, a trama deste spin-off de Onze Homens e um Segredo conta a história de Debbie Ocean, irmã de Danny Ocean, e a equipe de mulheres treinadas para um assalto impossível na famosa festa de gala anual de Nova York. O curioso é que a própria obra que deu origem a esta versão já era uma refilmagem da produção dos anos 60 que trazia Frank Sinatra em um dos papéis principais. Dessa forma, foi o próprio Steven Soderbegh quem trouxe às telas a adaptação com uma nova roupagem e grandes astros de Hollywood, como George Clooney e Brad Pitt. Mas, em tempos de empoderamento feminino, este spin-off com um elenco central apenas de mulheres é mais que bem-vindo.
Porém, fora a troca de atores por atrizes, “Oito Mulheres e um Segredo” não traz nenhuma novidade conceitual. Assim, trata-se de uma produção comercial simples, com um roteiro bem amarrado e que apresenta boas reviravoltas, mas nenhuma de ‘cair o queixo’. Mesmo assim, está tudo tão no seu lugar, das doses lights de humor ao suspense bem conduzido, que fica difícil não gostar do filme. Claro que a escalação de elenco de primeiro nível colabora bastante.
Elenco de luxo com Sandra Bullock, Anne Hathaway e Cate Blanchett é trunfo do longa-metragem
O diretor Gary Ross, dos bons “Pleasantville – A Vida em Preto e Branco” e “Jogos Vorazes” faz um trabalho ágil e consegue manter o ritmo e a curiosidade do espectador acesos durante os 105 minutos de projeção. Já o roteiro, co-escrito por ele e Olivia Miltch (“Dude – A Vida é Assim”) é claro e coeso, sem perder de vista a engenhosidade que todo bom longa-metragem sobre roubos precisa ter.
Falando em interpretações, Sandra Bullock, que venceu o Oscar por “Um Sonho Possível”, é perfeita para o papel principal. Isso porque a atriz evoluiu muito tecnicamente desde o início da carreira. Porém, ela mantém o carisma e a espontaneidade que sempre foram suas marcas registradas. A personagem de Sandra Bullock é malandra e uma anti-heroína. Mas, ainda assim, consegue cativar a simpatia do espectador e mostrar humanidade.
Já Cate Blanchett, duas vezes premiada pela Academia, tem um desempenho mais discreto que faz contraponto à performance de Bullock. Ou seja, é competente como sempre. Além disso, se Helena Boham Carter é uma presença agradavelmente extravagante, é Anne Hathaway quem mais cresce ao longo da projeção. Isso porque a atriz , que ganhou o Oscar por “Os Miseráveis”, brinca com as expectativas do espectador com uma personagem que é, a primeira vista, fútil e ingênua. Já o restante do elenco, que conta com nomes como a cantora Rihanna e a comediante Awkwafina, além de vários coadjuvantes de luxo, também faz um bom trabalho.
Avaliação
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Autora da Crítica
Sophia Mendonça é uma youtuber, podcaster, escritora e pesquisadora brasileira. Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.
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