Explanei em reunião da Brasil Soka Gakkai Internacional (BSGI) esta matéria, que se chama azul mais azul que o índigo. Além disso, participei da incrível atividade da Academia Índigo em março deste ano. Essa é uma atividade para os jovens, que transmitem o coração dos companheiros de prática e os ideais do mestre budista Daisaku Ikeda.
De onde vem a ideia do azul mais azul que o índigo?
O nome vem do fato de que, na época de Nichiren Daishonin, a planta índigo era um meio para tingir roupas e acessórios. Então, dizia-se que cada vez que molhava-se uma roupa de outra cor, ela se tornava mais azul que a própria planta que deu origem ao azul.
Por isso, vamos estudar o Gosho Supremacia da Lei. Nichiren escreveu essa carta em 1975 à filha de uma seguidora que vivia em Kamakura. Isso porque ele ficou impressionado com a coragem da mãe. Afinal, ela o visitou em Sado, para onde a viagem era perigosa. Com isso, garantiu o cuidado com a propagação da Lei.
O que significa seguir a Lei, e não as pessoas?
Há uma frase budista que nos orienta a seguir a Lei e não as pessoas. Afinal, a Lei não é volátil como os desafios do ser humano. Então, o Buda orientou a discípula sobre determinação. Assim, focou na importância de desenvolver as pessoas por meio dessa constância. Além do exemplo do índigo, há o do gelo que é mais frio do que a água. Isso ocorre mesmo sendo o gelo feito de água. Ou seja, o Sutra do Lótus é o mesmo para todos os praticantes. Portanto, ele é imutável. Porém, quem está mais aberto aos esforços e determinações da prática recebe maiores benefícios.
Daí, é importante pensar em alguns pontos. O primeiro deles refere-se ao constante aprimoramento e fortalecimento da fé. Isso significa, na prática, utilizar os obstáculos como um meio de alcançar um estado de vida mais sólido e satisfatório. Assim, conseguimos transcender as nossas limitações individuais. Além disso, é preciso desenvolver sucessores. Isso quer dizer não restringir a prática ao benefício imediato. Também é preciso cuidar das gerações futuras. Portanto, tornar nossas crianças e jovens ainda mais fortes do que nós.
As Barragens da Fé
O Gosho sobre As Barragens da Fé nos ensina a tornar a nossa fé ainda mais forte. Para isso, utiliza a analogia da água escoando do arroz para orientar sobre o fortalecimento da fé. Então, precisamos fortalecer nosso coração diariamente. Isso ocorre por meio da fé, prática e estudo. E quando se fala na prática altruística, é importante ter em mente que shakubuku não significa conversão. Esse conceito, na realidade, refere-se ao poder de nossa postura como praticantes para incentivar as outras pessoas. Com isso, nos tornamos indestrutíveis como o diamante. Ou seja, conseguimos evidenciar aspectos do nosso Estado de Buda em todos os momentos da nossa vida.
Porém, é na vida real que as situações tornam-se mais desafiadoras. Então, fortalecer a fé nos contextos familiares e de trabalho, por exemplo, é muito mais pesado. Portanto, Ikeda Sensei nos orienta que é justamente quando estamos em um beco sem saída que nossa fé é testada. Este é o momento decisivo para a vitória. Assim, é importante manter o foco do pensamento em avançar cada dia mais. Isso não significa evidenciar sempre 100% da capacidade. Mas, quer dizer aproveitar ao máximo as próprias potencialidades dentro da circunstância de cada dia. Então, é fazer o próprio melhor diariamente. Isso porque a prática budista é uma batalha constante contra a nossa natureza de mortal comum. Ou seja, a perseverança de continuar com foco no avanço fortalece a nossa fé. Além disso, a criação de valores humanos é o que define o sucesso de qualquer organização. Então, está nas mãos de cada um a responsabilidade com as próximas gerações.
16 de Março na tradição da Soka Gakkai
Por isso, o presidente da BSGI, MIguel Shiratori, considera o 16 de março como uma data de reflexão sobre a nossa postura. Afinal, o movimento pelo kosen-rufu (Paz Mundial) ocorre na concretude do aqui e agora. Então, o plantio é muito importante. Ou seja, é preciso ter o foco em ter uma vida boa neste momento. Isso porque temos o direito de estabelecer uma vida feliz. Nesse sentido, a nossa ação é importante para a transformação de toda a sociedade. Ou seja, toda grande transformação social ocorre por meio de um afeto cotidiano. Isso quer dizer que está ligada à determinação de cada pessoa, no momento presente.
Autora do Artigo
Sophia Mendonça é uma youtuber, podcaster, escritora e pesquisadora brasileira. Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.
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