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‘Síndrome de Gabriela’ não funciona na vida real.

Sophia Mendonça e Raquel Romano

Sophia: Olá vocês! Sejam muito benvindos ao De brincadeira. Comigo, Sophia Mendonça e ela… Raquel Romano. Tudo bem, Raquel?

Raquel: Oi, Sophia! Tudo bem! Saudade!

Sophia Mendonça e Raquel Romano no programa De Brincadeira

https://youtu.be/e5nzZiymh6Y

Sophia: A gente está sempre refletindo, com bom-humor, com leveza, mas sempre lembrando que brincadeira, esse lúdico é coisa séria! Recentemente a minha mãe, Selma, fez uma live, ao vivo, em nosso Canal do YouTube, Mundo Autista, https://youtu.be/vK29tQsJ9fY , falando sobre a minha transição de gênero. Eu sou uma mulher trans e agora estou me readequando à minha identidade… de uma mulher mesmo. Que é o que sempre fui, como eu sempre me senti. Há relatos de histórias sobre isso, desde a infância. Agora seu resolvi assumir essa identidade, por causa do meu autoconhecimento. Agora eu estou preparada, não que eu não soubesse antes. Eu me sinto preparada para assumir esse meu verdadeiro aspecto. Então, a gente estava falando de como esse programa fala de propósito de vida, isso também é um propósito de vida, não é, Raquel?

Raquel: Com certeza! Você está falando de autoconhecimento, de propósitos de vida… Para mim, o autoconhecimento é a chave para a gente tomar decisões na vida, para cumprir os propósitos, enfim, para alcançar muitas realizações…e nesse caminho há muitos desafios. O autoconhecimento, eu vejo como um processo. Não é algo mágico, que de um dia para o outro você diz: eu me conheço muito bem. Tem gente que diz assim: Eu sou assim e ninguém me muda.

Sophia: “Síndrome de Gabriela”

Raquel: É exatamente, ou então “a la Zeca Pagodinho”, deixa a vida me levar!

Sophia: “Deixa a vida me levar….vida leva eu…”

Raquel: Exatamente! Isso é um perigo. Se você não tem cuidado com o autoconhecimento, com a autopercepção diante de fatos da vida, com a percepção consciente de suas reações, de seus sentimentos diante dos seus desejos, dos seus objetivos, você se perde.

O autoconhecimento é a grande chave que nos vai conduzindo nesse caminho, nesse processo que, na verdade, nunca termina. É tão bom quando a gente decide alguma coisa com segurança, com alegria, com paz… algo a que você se propõe na sua trajetória de vida. Depende, sim, de autoconhecimento. Não é porque alguém me diz o que é bom ou ruim, que vou seguir sua opinião… a decisão é individual. Não é outro que deve dizer que eu sou isso ou aquilo. Eu mesma me enxergo, percebo as minhas potencialidades, minhas fraquezas, as minhas fragilidades e as aceito. Eu procuro me entender. Se estou insegura, em algum momento, eu vou procurar me conhecer melhor. Vou procurar saber a razão desta minha insegurança. Será que ela vem de um medo? Que medo é esse? É a incapacidade de enfrentar um desafio? Isso é possível! Com o tempo a gente vai aprendendo a fazer escolhas. A vida é feita de escolhas e a cada escolha vem um resultado… Colhemos frutos bons ou não tão bons. Nós arcamos com isso e celebramos. Se eu tenho autoconhecimento bem sólido, é prazeroso celebrar a vitória e também o fracasso, se visto como lição que também ensina.

Sophia: É importante lembrar que com as asas da liberdade vêm as asas da responsabilidade. As duas coisas caminham juntas. E o autoconhecimento é importante pra gente não tomar decisões levianas. Por exemplo, no meu caso, é uma decisão de transição social, que é irreversível, mas que vem de muita certeza, de uma construção que eu fiz comigo mesma. É, na verdade, a desconstrução de uma série de coisas que a sociedade impôs sobre a minha identidade, ao longo da vida. Agora eu estou segura para fazer essa transição com leveza. Nesse momento é interessante aprender como a gente busca essa paz, tema do nosso próximo programa. Eu sofri ataques… Teve gente dizendo que eu nem podia ser autista por ser trans. A gente sabe, estatisticamente, que na população trans tem mais autistas do que na população em geral.

Há estudos recentes sobre isso. Não é um processo fácil, seja em questões de saúde, emocionais ou sociais, mesmo. Mas, quanto você tem essa certeza de dar conta de assumir as regras da própria vida… Porque senão fica muito fácil. Por exemplo, esta questão impacta o meu relacionamento com minha mãe. Eu não posso ser uma adulta, capaz de tomar decisões seletivas, só decisões que me interessam. Não! Eu tenho que aprender a tomar decisões com maturidade, com respeito. O respeito é muito importante… o respeito à individualidade de cada pessoa.

Raquel: Sim, o respeito é fundamental. E primeiro devo ter respeito por mim mesma. Respeitar a gente mesma… não somente os nossos próprios limites, mas as limitações das outras pessoas.

Você tomou uma decisão que não é uma brincadeira, não é uma leviandade. Não tem nada de oba-oba nisso. Algo que você precisava resolver interiormente, que dependeu e depende muito do seu autoconhecimento, porque você, com certeza, enfrenta olhares, questionamentos… Imagina a segurança de que você precisa para se posicionar com liberdade e responsabilidade. É um processo de liberdade interior e existem várias conexões com a sociedade. Não deve ser uma viagem solitária. A pessoa não vai sozinha nessa caminhada. Ela precisa dialogar com profissionais para se apoiar. Como você, que tem profissionais que te orientam para você caminhar com leveza e segurança. Isso vale para qualquer decisão na vida da gente. Qualquer decisão que você toma na vida, gera impacto. Principalmente num contexto de mudanças mais profundas. Estamos sempre sujeitos às críticas. Que bom! Quando a gente se expõe é porque tem autoconhecimento e segurança para enfrentar, com coragem, as críticas e quaisquer desafios da vida.

Sophia: Tudo o que vier! A gente tem que ter essa segurança, uma rede de apoio é importante, como você disse, mas todo muito tem o direito de ser feliz como é, e de poder, dessa forma, se tornar a melhor versão de si mesma.

Raquel: Acho que é um privilégio termos essas luzes na nossa vida. A lição nunca termina. Sempre estamos aprendendo. Você está dando uma lição de coragem, de autenticidade e de busca da felicidade a que você tem direito e ninguém pode te cercear.

Sophia: Quem escreve às cegas a nossa vida, somos nós mesmos.

Raquel: Você escreve às cegas ou se ilumina para escrever com clareza e segurança.

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