Selma Sueli Silva
Acabei de ver as 4 temporadas da série ‘Chicago Med’, na GloboPlay. A série acompanha o dia a dia de um grupo de médicos e enfermeiros de um hospital de Chicago. Entre eles, a Dra. Natalie Manning (Torrey DeVitto), especializada em pediatria; Sharon Goodwin (S. Epatha Merkerson), diretora do hospital, o Dr. Daniel Charles (Oliver Platt), chefe da psiquiatria; o Dr. Will Halstead (Nick Gehlfuss) e as enfermeiras Maggie Lokwood (Marlyne Barrett) e April Sexton (Yaya DaCosta).
O que me chamou a atenção, de cara, foi a presença de um psiquiatra no setor de emergência do hospital. Lembrei que por aqui, essa possibilidade não é aventada nem na ficção, ainda, talvez, pelo preconceito. “Psiquiatra? Eu não sou louco.” Mesmo agora, que um vírus nos curvou à sua vontade, sem consequências previsíveis à nossa saúde mental a longo prazo, ainda assim, a presença desse profissional não é aventada no atendimento de emergência dos hospitais.
Em 2019, o INSS – Instituto Nacional do Seguro Social pagou cerca de R$ 350 milhões a quase 191.200 segurados afastados por doenças ligadas a transtornos mentais. E hoje, como anda a saúde mental da população brasileira? Quais serão os gastos públicos com o afastamento de trabalhadores e tratamento psiquiátrico pelo SUS – Sistema Único de Saúde em 2020?
Eu ainda acredito na prevenção como a melhor solução. Por isso, fiquei encantada com o peso que Dr. Daniel Charles tem na equipe médica do seriado ‘Chicago Med’. Ele é presença imprescindível já que na emergência não chega somente o corpo: a mente/cérebro vem junto. E aí, o autista com suas especificidades é atendido da maneira correta pois Dr. Charles está lá. Assim como quadros de estresse que podem complicar a demanda orgânica, o potencial suicida, o parto de emergência da mãe bipolar, os desdobramentos de uma briga em família que culminou em tragédia, tudo isso é assistido pelo psiquiatra que funciona como um norte para os demais médicos, naqueles casos em que a doença, cirurgia ou ferimentos não podem ser tratados desconsiderando a mente que acompanha aquele corpo.
Não entendo como ainda há pessoas que consideram o psiquiatra como médico de segundo escalão e o paciente dele então… nem se fala. Principalmente num mundo onde faltam psiquiatras e sobram depressão, ansiedade, pandemia, estresse pós traumático, fobias e muito mais.
Hoje, tive um dia daqueles. Como muitas pessoas andam tendo. Minha renda diminuiu, meu trabalho triplicou. Estou tentando encerrar meu trabalho, dentro das 24 horas de um dia, sem me estender meia noite adentro, perdida em meio a tarefas e mais tarefas que iniciei às 7h da manhã.
Mas, reservei um momento para mim: consulta on line com minha psiquiatra, Giovana Mol. Pausa para reorientar meu coração/mente. Quanta gratidão a essa “Dr. Charles” em minha vida. Não resisti, mandei para ela esse print tirado quando eu disse: “Espera aí, vou fechar a janela pois o sol está batendo em cheio no meu rosto.” E ela, então, disse daquele jeito de quem entende a unicidade de mente e coração e, por isso, enxerga para além das obviedades: “Mas Selma, você está tão bonita com o sol emoldurando seu rosto.” Voltei, olhei, e percebi a energia que emanava de nós duas naquele momento. Quis registrar. E enviei a ela por zap. O ser humano me encanta na sua totalidade.
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