Por que autistas tem dificuldade de pedir ajuda? Veja como superar essa barreira na comunicação. Texto de Sophia Mendonça.
Por que autistas tem dificuldade de pedir ajuda? Desde a infância, eu tinha dificuldades de comunicação relacionadas ao autismo, o que me impedia de entender o que era dito em sala de aula. Eu também me sentia constrangida em pedir ajuda, principalmente porque meus colegas conseguiam esconder suas próprias dificuldades para não “pagar mico”.
Naquela época, nem eu, nem meus colegas, tínhamos a maturidade para entender que os adultos não nos julgariam, e sim nos ajudariam. Contudo, a imagem de “durão” que alguns professores mantinham era uma forma de lidar com a turma barulhenta e desatenta por causa do foco em conversas paralelas, e não algo direcionado a mim. No meu caso específico, havia apenas minha dificuldade de entender as coisas que me eram ditas.
Em 2010, um dos piores anos da minha vida, precisei fazer um trabalho e fiquei sem grupo. Na época, devido às minhas conversas com profissionais de saúde mental, eu considerava humilhante ficar sem um grupo na adolescência. Por isso, deixei o problema para o último segundo e acabei apresentando o trabalho sozinha. Cada dia que passava até o dia da apresentação era um pesadelo. Eu não conseguia resolver a situação, mas também não conseguia parar de pensar nela.
As dificuldades de pessoas autistas em pedir ajuda não se resumem ao constrangimento. Muitas vezes, eu simplesmente não sabia colocar em palavras o que estava me incomodando, e isso continua a acontecer até hoje, no meu doutorado. Quando me sinto perdida, não sei me expressar e fico frustrada e impotente. Às vezes, penso que consegui me comunicar com meus professores, mas eles me dizem que não entenderam a dimensão do meu problema.
Sophia Mendonça é jornalista, professora universitária e escritora. Além disso, é mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Ela também ministrou aulas de “Tópicos em Produção de Texto: Crítica de Cinema “na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), junto ao professor Nísio Teixeira. Além disso, Sophia dá aulas de “Literatura Brasileira Contemporânea “na Universidade Federal de Pelotas (UfPel), com ênfase em neurodiversidade e questões de gênero.
Atualmente, Sophia é youtuber do canal “Mundo Autista”, crítica de cinema no “Portal UAI” e repórter da “Revista Autismo“. Aliás, ela atua como criadora de conteúdo desde 2009, quando estreou como crítica de cinema, colaborando com o site Cineplayers!. Também, é formada nos cursos “Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica” (2020) e “A Arte do FIlme” (2018), do professor Pablo Villaça. Além disso, é autora de livros-reportagens como “Neurodivergentes” (2019), “Ikeda” (2020) e “Metamorfoses” (2023). Na ficção, escreveu obras como “Danielle, asperger” (2016) e “A Influenciadora e o Crítico” (2025).
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