Século do Humanismo

O que são os dez estados de vida no Budismo?

O que são os dez estados de vida no Budismo? Afinal, quando escrevi sobre o que é essa filosofia, mencionei que Buda é um estado de vida. Então, muitas pessoas me perguntaram o que são esses estados. Aliás, eles também são chamados de dez mundos. Além disso, a aplicação prática deste conceito ganhou um capítulo no meu livro Outro Olhar (2015), que ainda hoje é uma de minhas obras mais aclamadas.

É que, dia após dia, momento a momento, nosso estado de vida é suscetível a mudanças. Porém, esses mundos também interagem entre si. Assim, cada estado inclui os outros nove dentro dele. Portanto, eles simbolizam os afetos que nos compõem e impactam em nossos modos de agir no mundo. Com isso, servem tanto para evidenciar as nossas oscilações de humor quanto para nos relembrar sobre o nosso ilimitado potencial transformador.

Dez Estados de Vida e os Quatro Maus Caminhos

Dessa forma, o mundo do inferno é um estado de vida em que a pessoa está aprisionada pelo sofrimento e completamente carente de liberdade. Nele, viver é em si doloroso. Ou seja, tudo o que vemos torna-se contaminado pela negatividade. Já o mundo dos espíritos famintos, ou o estado de vida da fome, é um estado onde a pessoa se move por um desejo incontrolável. Mas, sem a capacidade de discernir os impactos das próprias atitudes, ou evidenciar o autocontrole.

Também há o mundo dos animais, ou o estado de vida da animalidade. Este mundo tem como característica a instintividade. Ou seja, os impulsos moldam a ação de alguém neste mundo. Portanto, a preocupação dela se restringe aos benefícios imediatos. Já o mundo dos asuras, ou estado de ira, finaliza a noção de quatro maus caminhos. Ele tem como características a arrogância e a perversidade.

Conceitos de alegria e tranquilidade no Budismi

Além desses estados mais baixos, há outros dois mundos que compõem o conceito de seis caminhos. Afinal, embora sejam estados intermediários, a natureza volátil deles proporciona uma fácil queda aos quatro maus caminhos. Portanto, tratam-se dos estados de tranquilidade e alegria. O primeiro deles, também conhecido como mundo dos seres humanos, apresenta a calma e a serenidade como marcas.

Por isso, quem se encontra no estado de tranquilidade consegue agir de modo mais racional. Porém, depende muito das circunstâncias para conseguir manter essa habilidade, o que também é uma característica do estado de alegria. Este é o mundo dos seres celestiais e simboliza a alegria efêmera de quando a pessoa concretiza um desejo.

Dez Estados de Vida e os Quatro Nobres Caminhos

Há, também, os quatro nobres caminhos, a começar pelo mundo dos ouvintes da voz. Este é o estado de erudição. Ou seja, tem como característica a busca pelo aprendizado. Ele é bastante próximo ao mundo daqueles que despertaram para a causa, ou estado de vida de absorção. Porém, a diferença é que na absorção a pessoa tem maiores possibilidades de aplicar no cotidiano o conhecimento que acumula. Mas, mesmo positivos, ambos são caminhos perigosos. Isso porque podem levar ao egocentrismo e à acomodação.

Este problema já não ocorre no mundo dos Bodhisattvas, ou no estado de Bodhisattva. Essas pessoas têm como objetivo aplicar a sabedoria de maneira empática e altruísta. Porém, podem por vezes esquecer de si. Por isso, o estado de Buda está ainda mais alto. Afinal, a pessoa que despertou para essa condição consegue criar valor e esperança em qualquer situação, com foco em si e nos outros simultaneamente.

Autora do Artigo

Sophia Mendonça é uma youtuber, podcaster, escritora e pesquisadora brasileira. Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.

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