Hoje eu quero falar sobre o hiperfoco em Bruxas e as Mulheres Autistas.. Nesse Halloween, celebro o hiperfoco e a comunidade.
Hoje eu quero falar sobre o hiperfoco em Bruxas e as Mulheres Autistas. Afinal, meu hiperfoco em bruxas é antigo e atravessa gêneros. Portanto, vai de contos de fadas e terror a sitcoms clássicas como “A Feiticeira” e “Sabrina”. No entanto, meu fascínio nunca foi apenas sobre caldeirões ou feitiços. Foi, e sempre será, sobre encontrar representação.
Na ficção, as bruxas são frequentemente mulheres que possuem um “sistema operacional” diferente do mundo ao seu redor. Assim, elas têm habilidades que outros não compreendem, como o hiperfoco ou a hiperempatia, e são sensíveis a estímulos que os demais ignoram. Além disso, as bruxas muitas vezes são punidas por não conseguirem — ou não quererem — se conformar.
Neste Halloween, ao celebrar esse hiperfoco, celebro também a comunidade de mulheres autistas. Isso porque nós somos aquelas que, como as bruxas, fomos ensinadas a nos esconder. Mas, assim como elas, estamos redescobrindo o poder de sermos autênticas, de encontrar nosso “clã” (coven) e de entender que nossa “magia” não é um defeito. E sim, nossa natureza.
Essa conexão fica clara em obras como “Da Magia à Sedução”. O livro começa com uma citação poderosa: “Por mais de duzentos anos, as mulheres Owens foram culpadas por tudo que deu errado na cidade.”
Essa frase é perfeita por estabelecer que não se trata de um evento isolado, mas de um padrão histórico. Isso porque a “culpa” é um fardo geracional, imposto à família por ser diferente. Dessa forma, revela-se uma analogia direta ao fardo que mulheres autistas muitas vezes carregam por interações sociais fracassadas ou por problemas alheios que não eram sua responsabilidade.
De todas as representações, minha bruxa preferida é Sabrina, a versão que Melissa Joan Hart interpretou na série dos anos 1990. Aliás, “Sabrina: A Aprendiz de Feiticeira” apresenta uma das metáforas mais poderosas do m asking autista na cultura pop.
A premissa central da sitcom é a necessidade de Sabrina esconder sua verdadeira identidade de bruxa para se passar por “normal” no Plano Mortal. Essa dissimulação constante reflete diretamente a exaustão do masking autista, onde mulheres suprimem comportamentos naturais e imitam roteiros sociais.
Sophia Mendonça é jornalista, professora universitária e escritora. Além disso, é mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UFPel). Idealizadora da mentoria “Conexão Raiz”. Ela também ministrou aulas de “Tópicos em Produção de Texto: Crítica de Cinema “na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), junto ao professor Nísio Teixeira. Além disso, Sophia dá aulas de “Literatura Brasileira Contemporânea “na Universidade Federal de Pelotas (UfPel), com ênfase em neurodiversidade e questões de gênero.
Atualmente, Sophia é youtuber do canal “Mundo Autista”, crítica de cinema no “Portal UAI” e repórter da “Revista Autismo“. Aliás, ela atua como criadora de conteúdo desde 2009, quando estreou como crítica de cinema, colaborando com o site Cineplayers!. Também, é formada nos cursos “Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica” (2020) e “A Arte do FIlme” (2018), do professor Pablo Villaça. Além disso, é autora de livros-reportagens como “Neurodivergentes” (2019), “Ikeda” (2020) e “Metamorfoses” (2023). Na ficção, escreveu obras como “Danielle, asperger” (2016) e “A Influenciadora e o Crítico” (2025).
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