“Crianças negras enfrentam desafios e desigualdades antes mesmo de conhecerem o mundo.“
Muitos sabem, mas poucos conhecem o desafio de nascer criança preta no Brasil. A infância é considerada uma das etapas mais importantes para a formação do indivíduo. Desde o útero, considera-se importante que elas sejam cuidadas e protegidas. O resultado é um desenvolvimento saudável. Dessa forma, após o nascimento são inúmeros os fatores e Leis que contribuem para uma infância feliz e proteção da vida infantil .
No entanto, a criança preta sofre um risco maior desde a concepção até o seu nascimento. Além disso, durante os primeiros anos de vida, ela passa por inúmeras violências. Porém, esta que deveria ser a fase mais importante para sua aprendizagem, seu desenvolvimento físico e psicológico se torna muito frágil. Para a criança preta, a violência e os riscos à sua existência são promovidos pelo mesmo estado que deveria protegê-las. E nem mesmo as leis são eficazes para impedir que essas crianças sofram contra o preconceito. E ainda mais, sofram com as inúmeras opressões e dificuldades cotidianas.
Uma criança negra já está em risco desde a concepção até o seu nascimento. Além disso, ela tem maiores chances de se tornar órfã tão logo chegue ao mundo. Estudo feito por pesquisadores em conjunto com a Fiocruz, em 2017, denominado “Nascer no Brasil”, buscou fazer o recorte racial dos índices de partos e nascimentos. Como resultado, o artigo foi editado pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, chamado de “A Cor da Dor”. Desse modo, o foco do estudo foi a aplicação da anestesia local e a realização da episiotomia; (corte feito durante o parto para aumentar a passagem do bebê em partos naturais).
Os dados revelaram que, em 2018, mulheres pretas e pardas eram 65% dos óbitos maternos no Brasil. Entre os anos de 1996 e 2018 foram registradas que das 38 mil mortes maternas que ocorreram, 67% decorreram de causas obstétricas diretas. Além disso, mulheres negras encontram mais dificuldades na hora de encontrar uma maternidade. E ainda, elas sofrem recebendo menos anestesia durante o trabalho de parto, devido ao estereótipo de “mulher forte”.
Estudo do Unicef, Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância, de novembro de 2020, indica que:
Outro estudo, desta vez nos Estados Unidos, de setembro de 2020, comprovou que o número de mortalidade de bebês negros é três vezes maior que de recém-nascidos brancos.
E embora não tenham encontrado uma relação direta, constatou-se: quando médicos pretos atendem crianças pretas, o número de mortes caía pela metade.No Brasil, ainda há a exploração do trabalho infantil. Assim, as crianças saem da escola cada vez mais cedo. Dessa forma, as crianças perdem o direito ao lúdico e às descobertas que elas fazem por meio das brincadeiras. A pesquisa indica que 64,78% das crianças e adolescentes que trabalham no Brasil, são negros. E mais: 87% são meninas negras. Já no trabalho doméstico, esse número sobe para 93%.
Quando falamos em crianças em situação de rua, o quadro de vulnerabilidade e de raça se torna mais evidente. A maioria é do sexo masculino, 71,8% deles. Em relação à faixa etária, 45,13 % têm entre 12 e 15 anos e a maioria deles são pretos, um total de 72,8%.
Ao tratarmos da questão de crianças pretas com deficiência, temos: o último Censo apontou que, no Brasil, a população com deficiência é em torno de 24%, ou seja, 45,6 milhões de brasileiros. Mas, infelizmente, não há recorte etário ou racial. Portanto, não é possível saber ou prever, em números, quantas crianças negras com deficiências diversas, estão sem acompanhamento médico permanente. Além, é claro, de quantas estão sem uma alimentação adequada e até em risco de abandono ou negligência.
Conclusão: no Brasil, ser uma criança preta é um ato de resistência, ainda que inconsciente. Ao mesmo tempo que ensinamos às crianças a se empoderar com seus traços, sua cor, sua existência, ainda há uma luta contra a negação de seus direitos. Dessa forma, essa dificuldade para o exercício de sua cidadania acontece desde a primeira infância. Então, por isso, o crescimento e sobrevivência ficam comprometidos.
Vale lembrar: Não são apenas números. São vidas em formação. Assim, é injusto que o simples fato de viver se torne uma batalha desigual para essas crianças. Crianças negras enfrentam desafios e desigualdades antes mesmo de conhecerem o mundo.
Gabriela Guedes é mãe atípica do Gael, um menino autista de 05 anos, jornalista e comunicóloga, ativista e criadora de conteúdo. Idealizadora do Movimento Vidas Negras Importam e autora da página e do Blog: Mãe Atípica Preta.
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