Nosso novo livro abordará os tabus da maternidade. É que, certa vez, depois de uma crise, eu disse para mamãe que algumas pessoas nem imaginam o que acontece conosco na intimidade. E ainda acusam a gente de romantizar o autismo. Mamãe queria um jeito de divulgar isso, mas eu neguei, veementemente. Mais exposição da dor só a ampliaria, eu argumentei. E ainda brinquei que, se as pessoas conhecem nosso dia a dia, estaríamos presas há muito tempo.
Então, o tempo foi passando e fomos amadurecendo e nos aprimorando como escritoras. Aprendemos novas técnicas e estratégias para produzir literatura. Escrevemos alguns contos, um em particular que nos tocou muito, que trazia uma visão pesada sobre a maternidade. Aquele projeto me emocionou tanto que sugeri que ele crescesse e se transformasse em uma espécie de roman a clef.
Este conceito, que em tradução literal significa romance com uma chave, é utilizado para definir romances em que pessoas e eventos reais aparecem sob nomes fictícios. Porém, uma pessoa no romance pode simbolizar dez pessoas que existiram de verdade, e vice-versa. Assim, essa estratégia me parece muito potente para proporcionar debates e reflexões e já gerou diversas obras-primas literárias, de “O Diabo Veste Prada” (da autor a Lauren Weisberger) a “Nova Revolução Humana
” (do escritor Daisaku Ikeda).Com isso, finalizamos a produção do nosso novo livro em parceria, que será lançado nos próximos meses pela Juruá Editora. Assim, “Tabus sobre a maternidade atípica e Identidade de Gênero” é protagonizado por duas mulheres que nos representam, mas conta a história de muita gente além de nós. Porém, temos em comum muita coisa com elas. Inclusive, muito mais que gostaríamos de admitir. Dessa forma, esperamos não apenas explicitar o real, como compartilhar estratégias e experiências que foram úteis à nossa jornada. Afinal, não queremos que nenhuma família se sinta desamparada como nos sentimos um dia.
Sophia Mendonça é uma jornalista, escritora e pesquisadora brasileira. É mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+
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