“Mistério no Mediterrâneo” é um filme que resgata, com tom de besteirol relativamente alto, o gênero das comédias de mistério. Esse estilo fez sucesso em décadas passadas, como é o caso de “Os Sete Suspeitos”, de 1985, baseado no jogo de tabuleiro “Detetive”. Porém, nunca chegou a emplacar de fato. Pelo contrário, obras que seguem essa linha tornaram-se cada vez mais raras. O que não deixa de ser um fenômeno ao mesmo tempo curioso e triste já que as boas produções que seguem esse padrão trazem o que há de melhor nos dois estilos, ambos muito queridos pelo público. Afinal, é delicioso assistir algo que, como num jogo, não sabemos o que vai acontece. E acompanhar a história intricada, conferindo uma pequena dose de seriedade a algo que sabemos ser muito divertido e que, além disso, oferece boas gargalhadas.
Assim, neste filme, Nick Spitz (Adam Sandler) é um policial que há tempos tenta se tornar detetive. Porém, ele nunca consegue passar na prova para o cargo. Então, ele diz para sua esposa (Jennifer Aniston) que trabalha na função, pedindo ao melhor amigo que o ajude nesta mentira. Mas um dia, ao chegar em casa, Nick é cobrado por Audrey sobre a sonhada viagem à Europa, que ele prometeu quando ambos se casaram, 15 anos atrás.
Então, ele diz que já havia arrumado tudo e, assim, os dois partem em viagem. Mas, no avião, Audrey conhece o milionário Charles Cavendish (Luke Evans), que os convida para um tour a Mônaco a bordo do navio de seu tio (Terence Stamp). Assim, o casal aceita a oferta, sem imaginar que estaria envolvido com a investigação em torno de um assassinato em pleno alto-mar.
Dessa forma, o questionamento que fica é: será que este novo longa-metragem original Netflix, que marca mais uma parceria entre Adam Sandler e Jennifer Aniston mostra-se capaz de passar no teste de ser um bem-sucedido exemplar de um filão já bastante esquecido? Afinal, o sucesso ou fracasso desta produção pode ser crucial para o futuro das comédias de mistério. Mas a boa notícia é que tal paródia às adaptações de romances de Agatha Christie é divertida e interessante o suficiente para se diferenciar da média dos filmes comerciais de humor lançados por Hollywood na última década.
Porém, há problemas. Aliás, Sandler – que assinou contrato com a Netflix para vários filmes de humor, a maioria deles de qualidade abaixo da crítica, como o sofrível “Zerando a Vida” – é o maior deles. É o que o ator não mostra a menor preocupação em fazer nada mais do que emular o tipo de bom moço que se envolve em confusão presente em quase todas as suas dezenas de papéis há muitos anos.
Contudo, ele não chega a comprometer o resultado, que mescla paródia, humor e uma trama de mistério e suspense em doses muito bem calculadas. Além disso, se Sandler não mostra nada de especial, o restante do elenco se sai melhor. Neste sentido, Luke Evans – o Gaston de “A Bela e a Fera” – destaca-se como o milionário charmoso e misterioso.
Sophia Mendonça é uma youtuber, podcaster, escritora e pesquisadora brasileira. Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+
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