A escritora, radialista e infuenciadora digital Selma Sueli Silva (Mundo Autista), de 59 anos, falou sobre maternidade atípica e o diagnóstico de autismo em adultos. Com isso, tocou em temas como etarismo e a rejeição a rótulos como “mãe de anjo”, que geralmente são associados a mães de autistas. Afinal, Selma teve o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) aos 53 anos de idade. Isso ocorreu pouco depois da filha, a pesquisadora e influenciadora Sophia Mendonça, receber a mesma idenficação.
Selma Sueli Silva fala sobre maternidade atípica e o diagnóstico de autismo em adultos
“O autista sempre gera um incômodo nos outros por seu modo diferente de funcionar e eu sei que causava uma certa importunação por conta, principalmente, da minha rigidez de pensamento. Eu sempre fiz questão de receber os centavos de um troco, por exemplo, vivia brigando no sacolão ou na padaria por causa disso. Também sou dotada da hipersensibilidade, também chamada de empatia excessiva, comum a alguns autistas e me comunico e interpreto as coisas de forma literal. O hiperfoco e algumas ações que interpretava até então como falta de paciência também eram sinais. Com o apoio de Sophia e muita pesquisa, decidi checar”, recordou Selma em entrevista ao Portal Terra.
A jornalista também compartilhou que só recebeu o diagnóstico de autismo da filha quando ela estava aos onze anos de idade. Dessa forma, a adolescência da jovem foi uma fase desafiadora para ambas. “Eu escutava mães de pessoas neurodivergentes se referindo aos filhos como ‘anjos’ e não entendia aquilo direito, não me via mãe de um anjo“, revelou a jornalista. Além disso, Selma pontuou que o divórcio em 2008 tornou a trajetória de mãe e filha ainda mais tortuosa. Isso porque, embora ela não se considere uma mãe solo, Selma teve que arcar sozinha com os custos do tratamento e da criação da filha.
Etarismo, maternidade atípica e o diagnóstico de autismo em adultos
Então, quando veio o diagnóstico de autismo de Selma Sueli Silva, ela foi vítima de duplo preconceito: por ser mulher e por ser 50+. “Acredita que ouvi que estava velha demais para ‘mexer com isso’? Fui em busca de ajuda e recebi de volta etarismo”, diz. Ainda assim, tanto para Selma quanto para Sophia, o diagnóstico da mãe foi um divisor de águas. “Pude fazer um resgate da minha mãe. Foi maravilhoso”, celebra Sophia Mendonça.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.