“Turno Maldito” (2023) nos convida a passar uma noite nada tranquila em um motel de beira de estrada que exala mistério e tensão. Dessa forma, o filme se apoia nas convenções clássicas do terror de assombração e do horror sobrenatural. No entanto, ele apresenta uma particularidade intrigante: a linha que separa o que é real do que é puramente espectral é propositalmente borrada.
Uma Atmosfera de Tensão Crescente no filme Turno Maldito
Desde os primeiros momentos, somos imersos em uma atmosfera de crescente tensão psicológica. Isso porque a protagonista, Gwen (Phoebe Tonkin), em seu primeiro turno noturno, logo percebe que o isolado motel não é um lugar comum. Afinal, segredos obscuros parecem pairar no ar. E uma presença maligna começa a se manifestar de maneiras sutis, mas perturbadoras.
A direção da dupla Benjamin e Paul China merece destaque pela forma como constroi esse clima opressivo. Isso porque a claustrofobia do ambiente é amplificada por ruídos sinistros e uma fotografia em tons frios que brinca com as sombras. Com isso, eles mantêm o espectador em constante estado de alerta, questionando cada som e cada vulto.
O Terror Tênue entre o Real e o Sobrenatural em Turno Maldito
O que torna “Turno Maldito” particularmente interessante é a forma como ele equilibra elementos sobrenaturais com horrores mais palpáveis e realistas. Ratos sorrateiros, máscaras macabras e bonecas com olhares inquietantes dividem espaço com aparições fantasmagóricas. Isso tudo levanta a dúvida constante: o que é fruto da imaginação de Gwen, consumida pelo medo e pela solidão? E o que é uma ameaça genuinamente sobrenatural?
Essa ambiguidade, aliás, é um dos pontos fortes do filme. Em vez de apostar em sustos fáceis e puramente sobrenaturais, “Turno Maldito” planta a semente da dúvida. Assim, o filme explora a fragilidade da sanidade em um ambiente isolado e aterrorizante. A performance de Phoebe Tonkin é fundamental para essa dinâmica. Afinal, ela transmite a crescente paranoia e o terror de sua personagem.
Reviravolta e Terror Explícito
A narrativa reserva uma reviravolta que redefine a história e a conduz para um território de terror mais explícito. Essa mudança de tom, embora possa surpreender alguns espectadores, adiciona uma camada extra de intensidade e brutalidade à trama. Dessa forma, mostra que o perigo pode assumir formas ainda mais concretas e violentas. Então, apesar de não se aprofundar tanto quanto poderia nas questões psicológicas da protagonista e da trama em si, “Turno Maldito” se mostra um filme interessante, bem-feito e, acima de tudo, envolvente.
Avaliação
Canal Filmes Para Sempre

Sophia Mendonça é jornalista, professora universitária e escritora. Além disso, é mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Ela também ministrou aulas de “Tópicos em Produção de Texto: Crítica de Cinema “na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), junto ao professor Nísio Teixeira. Além disso, Sophia dá aulas de “Literatura Brasileira Contemporânea “na Universidade Federal de Pelotas (UfPel), com ênfase em neurodiversidade e questões de gênero.
Atualmente, Sophia é youtuber do canal “Mundo Autista”, crítica de cinema no “Portal UAI” e repórter da “Revista Autismo“. Aliás, ela atua como criadora de conteúdo desde 2009, quando estreou como crítica de cinema, colaborando com o site Cineplayers!. Também, é formada nos cursos “Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica” (2020) e “A Arte do FIlme” (2018), do professor Pablo Villaça.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.