O que acontece em Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado? Terror com Sarah Michelle Gellar ganhará remake.
Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado é a adaptação do divertido romance de suspense de Lois Duncan para os cinemas. Lançado em 1997, o filme transpõe a narrativa do livro de 1973 para o contexto do terror adolescente em alta no cenário pós-Pânico, na segunda metade dos anos 1990.
Com isso, o roteiro de Kevin Williamson, também autor de Pânico (1996), fortalece os dilemas de moralidade, culpa e vingança que pulsavam na literatura. Essas reflexões ganham novo vigor em meio a cenas inspiradas em Lendas Urbanas, mortes sanguinolentas e uma atmosfera de thriller muito bem trabalhada.
O que acontece em Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado?
Assim como em Pânico, os arquétipos do horror são revisitados com outro nível de inteligência por meio dos personagens em Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado. Mas aqui, isso se dá como forma de illustração a uma análise que ainda hoje é contemporânea e válida sobre a inconsequencia juvenil, a natureza complexa da mente humana e os problemas disso na vida em sociedade quando resvala na busca por justificativas para comportamentos injustificáveis.
Este é um filme que envelheceu muito bem justamente por ter muito o que dizer sobre os comportamentos, maldades e desculpas humanas para justificar o mal que os próprios humanos provocam. Os personagens, todos eles, apresentam tonalidades variadas de crueldade, afetividade e estupidez. Tudo isso interagindo entre si e com os problemas que surgem no ambiente. E a resposta a cada comportamento é implacável. Um exemplo disso está na cena em que a personagem de Sarah Michelle Gellar, uma miss muito dedicada à aparência, acorda descabelada, com as madeixas cortadas e com uma mensagem que reafirma a tônica do título do longa-metragem.
O conto moral sobre arrependimento em Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado
Não apenas Gellar, mas Freddie Prinze Jr., Ryan Phillipe e a protagonista Jennifer Love Hewitt encarnam com precisão papéis que, embora sigam perfis estereotipados de adolescentes em filme do gênero, sabem lidar com as contradições e relações interpessoais que facilitam a atmosfera arrepiante da produção. Além disso, o diretor Jim Gillespie e a trilha sonora conseguem nos chocar com sustos esporádicos e doses de violência bem calculadas.
Isso ocorre sem perder o foco no desenvolvimento dos personagens, favorecendo a reflexão moral que está no cerne do enredo. Esses sustos e sangue nunca se sobrepõem àquele sentimento de medo e arrependimento que são o verdadeiro pavor da história. O filme também expõe e critica a noção de masculinidade exacerbada, que muitas vezes dà sustentação à lógica da violência física.
Avaliação
Autora
Sophia Mendonça é jornalista e escritora. Também, atua como youtuber do canal “Mundo Autista” e é colunista da “Revista Autismo/Canal Autismo“ e do “Portal UAI“. Além disso, é mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Assim, em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Já em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.