Dia Internacional das Mulheres, as guerras e a inclusão - O Mundo Autista
O Mundo Autista

Dia Internacional das Mulheres, as guerras e a inclusão

Dia Internacional das Mulheres, as guerras e a inclusão. A ilustração é o mapa mundi, ao lado o desenho de uma carinha raivosa/triste

O planeta nos lembra: Hoje é o Dia Internacional das Mulheres. Para além das flores, há a inclusão da mulher nos rumos da sociedade? Assim, tomando por base as mulheres, guerras e inclusão, vamos avaliar a trajetória e importância das mulheres. Por exemplo, a avaliação da expectativa de vida das mulheres em relação à dos homens, além da proporção de matrículas na escola secundária, existentes em 124 países em guerra civil, no período de 1945 a 2000, demonstrou:

Então: As iniciativas de pacificação das Nações Unidas obtiveram mais sucesso nos Estados em que existia maior igualdade entre os sexos, antes do começo da guerra. Ismeni Gizelis, da Universidade Essex, no Reino Unido, realizou esse estudo.

A presença das mulheres na guerra

Em primeiro lugar, vamos levar em conta, o início do século passado. Neste período, carreira, dinheiro e poder eram exclusividade masculina. O homem sustentava uma imagem de “herói” onipotente. Mas dois eventos devastadores, as Guerras Mundiais, começaram a desconstruir este modelo.

Em segundo lugar, a participação das mulheres nas guerra sempre foi diversificada. Desse modo, elas atuaram nos bastidores. Mas, também atuaram na frente de combate. Além disso, travaram lutas violentas, dirigiam tanques e ambulâncias.

Essas mulheres foram operárias nas fábricas de armamentos e munição. Mas, apesar de tanta ativismo, no início de 1930, ainda não tinham o direito ao voto. Após a guerra, entretanto, as fábricas demitiram essas mulheres. Além disso, as proibiram de trabalhar. Por isso, mais uma das consequências da Primeira Guerra Mundial foram os protestos pela emancipação feminina. E, certamente, o crescimento do movimento feminista.

A Segunda Guerra Mundial foi um conflito de homens e mulheres. Assim, pela primeira vez, a contribuição feminina, em diferentes paísesfoi marcante. Entre os anos de 1939 e 1945. Entretanto, as mulheres não serviam diretamente no Exército Vermelho. Isso porque elas apenas ocupavam cargos de apoio. Por exemplo, enfermeiras ou no correio, devido ao estereótipo da mulher cuidadora. Ou seja, as mulheres tinham o papel de cuidar dos homens como enfermeiras, cozinheiras etc.

No Brasil, a mulher, as guerras e a inclusão

Sobre o Dia Internacional das Mulheres, as guerras e a inclusão vale refletir: o ingresso das mulheres nas fileiras militares ocorreu pioneiramente com a Marinha do Brasil, em 1980. Posteriormente, veio a Força Aérea Brasileira, em 1982. Por fim, depois de uma década, o Exército Brasileiro admitiu mulheres pela primeira vez.

Contudo, antes disso, uma mulher se disfarçou de homem, para lutar pelo país. Dom Pedro I condecorou Maria Quitéria, como heroína, a primeira mulher a integrar as Forças Armadas. Da mesma forma, a heroína da Independência recebeu, também, condecoração como patrona do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro. Assim, Maria Quitéria tornou-se símbolo da emancipação feminina e exemplo para mulheres de todo o país. Em 1953, o governo brasileiro decretou que seu retrato estivesse presente em todos as repartições e unidades do Exército. Foi a homenagem recebida, no aniversário de 100 anos da morte de Ana Quitéria.

Mais tarde, na Revolução de 1932, 72 mil mulheres provaram sua importância. Certamente, mais que isso, elas provaram o seu valor. E isso, em um dos maiores movimentos armados da história do Brasil.

Dia Internacional das Mulheres, as guerras e a inclusão

No livro “War and Gender” (Guerra e Gênero) o professor americano Joshua Goldwin abordou o seguinte aspecto: embora existam diferenças biológicas que mantêm a mulher afastada dos campos de batalha, essas diferenças sempre interagem com os valores culturais.

De acordo com suas pesquisas, o professor também apontou: “É possível prever quando uma pessoa optará pela guerra ou pela paz, entre árabes e judeus. Isso, somente com base no que pensa sobre igualdade sexual”. Pesquisas sobre preconceitos étnicos demonstram que sociedades em que as minorias são discriminadas, há maior probabilidade de envolvimento em guerras externas e internas. Mesmo quando elas se tornam realidade, países mais igualitários tendem a fazer as pazes com mais facilidade.

Baseado nesses estudos, ao falar sobre a necessidade de medidas para promover ascensão social das mulheres, o Secretário-Geral da ONU, Kofi Annan, declarou em 2005:

“Eu diria que nenhuma política é mais importante na prevenção das guerras ou para impor a paz quando um conflito chega ao fim”.

Dia Internacional das Mulheres, as guerras e a inclusão: Entretanto, no Brasil…

Um áudio atribuído ao deputado Arthur do Val (Podemos-SP), o “Mamãe Falei”, causou uma avalanche de críticas nas redes virtuais, desde sexta-feira (4/3). O parlamentar, que viajou à Ucrânia após a invasão russa, fez declarações de teor machista em relação a mulheres ucranianas. 

Na gravação o deputado comenta sobre a classe social das ucranianas: “Elas olham, e eu vou te dizer, são fáceis porque elas são pobres! E aqui, cara, a minha carta do Instagram, cheia de inscritos, funciona demais. Depois eu te conto a história. Não peguei ninguém, mas eu colei em duas minas, porque eu não tinha tempo. Dois grupos de minas. É inacreditável a facilidade”. Lamentavelmente, essa declaração espelha como ainda há espaço, no Brasil, para a cultura machista.

Em seu texto publicado no Uol Notícias, Jamil Chade pondera: “Não estou acusando o senhor e sua comitiva do que estará exposto abaixo. Mas considero que, sem entender essa dimensão do sofrimento humano, fica impossível justificar uma viagem como a que o senhor faz para ajudar a defender um povo.

Ao longo da história, a violência sexual é uma das armas de guerra mais recorrentes para desmoralizar uma sociedade. Ela não tem religião, nem raça. Ela destrói. Demonstra o poder sobre o destino não apenas das vidas, mas também dos corpos e almas. Percorrendo campos de refugiados em três continentes, o que sempre mais me impressionou foi a vulnerabilidade das mulheres nessa situação.

Em suma, o que as mulheres desejam, neste dia, é que todos se conscientizem, a partir da citação abaixo, de que:

As iniciativas de pacificação das Nações Unidas obtiveram mais sucesso nos Estados em que existia maior igualdade entre os sexos, antes do começo da guerra. (Ismeni Gizelis)

Texto de Selma Sueli Silva

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

Subscribe
Notify of
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments