Arte e entretenimento

Crítica: Wicked (2024)

Wicked é um musical fabulosamente crítico, que consegue analisar nuances das relações humanas em nível individual e estrutural, além das sociedades em pequena escala. Tudo isso culmina em um entretenimento de primeira grandeza, com números musicais fantasticamente elaborados, um enredo denso e interpretações formidáveis de Cynthia Erivo e Ariana Grande. Com isso, a obra discute em profundidade temas como política e amizade.

Este prólogo de “O Mágico de Oz” impressiona com locações exuberantes, que vão do campus da Universidade Shiz à Cidade das Esmeraldas. Esses cenários mostraram-se precisos para a atmosfera mágica da história, que diverte e emociona com personagens icônicos e números musicais chamativos.

Aliás, é admirável como o diretor John M. Chu é hábil ao aproveitar ao máximo a linguagem cinematográfica para descobrir novas possibilidades para um musical da Broadway. O cineasta, que já havia mostrado talento com a divertida e premiada comédia romântica Podres de Ricos (2018), evidencia aqui uma maturidade e uma identidade ainda mais consolidadas como diretor. 

Qual a história do filme Wicked?

Baseado no musical homônimo da Broadway, Wicked é o prelúdio da famosa história de Dorothy e do Mágico de Oz, onde conhecemos a história não contada da Bruxa Boa e da Bruxa Má do Oeste. Na trama, Elphaba (Cynthia Erivo) é uma jovem do Reino de Oz, mas incompreendida por causa de sua pele verde incomum e por ainda não ter descoberto seu verdadeiro poder. Sua rotina é tranquila e pouco interessante, mas ao iniciar seus estudos na Universidade de Shiz, seu destino encontra Glinda (Ariana Grande).

Ela é uma jovem popular e ambiciosa, nascida em berço de ouro, que só quer garantir seus privilégios e ainda não conhece sua verdadeira alma. As duas iniciam uma inesperada amizade; no entanto, suas diferenças, como o desejo de Glinda pela popularidade e poder, e a determinação de Elphaba em permanecer fiel a si mesma, entram no caminho, o que pode perpetuar no futuro de cada uma e em como as pessoas de Oz as enxergam.

Ariana Grande e Cynthia Erivo são a alma desse belíssimo musical

As interpretações primorosas de Cynthia Erivo e Ariana Grande são a alma do filme. Isso porque elas conferem uma humanidade palpável à dupla de protagonistas e um vínculo tão inusitado quando solidamente construído entre elas. O desafio de interpretar Elphaba e Glinda, não bastasse as nuances de caráter das personagens e a necessidade de sintonizar as interações entre elas, torna-se ainda mais difícil ao notarmos que esses papeis foram muito bem defendidos por Kristin Chenoweth e Idina Menzel na Broadway. Então, elas trazem os próprios instintos dramatúrgicos à dupla. Claro que as duas são cantoras magistrais, em especial a estrela pop Ariana Grande.

Essa característica aprimora as interpretações. Porém, engana-se quem pensa que verá uma cantora atuando, com aquela imagem de artista maior do que o filme. Ambas são perfeitamente críveis nos papeis. Por exemplo, Ariana Grande tem a oportunidade de desempenhar o seu natural talento cômico que já diverte desde as séries da Nickelodeon nos anos 2010. Ela faz isso ao mesmo tempo em que confere uma verossimilhança e uma empatia a uma personagem que poderia ser facilmente a caricatura de uma patricinha. Enquanto isso, Cynthia Erivo é excelente na transmissão de sentimentos que passeiam entre a solidão e a esperança. Sem contar que a amizade entre as personagens é absolutamente linda. Essa conexão é a responsável por conferir peso emocional à rica narrativa de “Wicked”.

Avaliação

Avaliação: 5 de 5.

Sophia Mendonça é jornalista, professora universitária e escritora. Além disso, é mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Ela também ministrou aulas de “Tópicos em Produção de Texto: Crítica de Cinema “na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), junto ao professor Nísio Teixeira. Além disso, Sophia dá aulas de “Literatura Brasileira Contemporânea “na Universidade Federal de Pelotas (UfPel), com ênfase em neurodiversidade e questões de gênero.

Atualmente, Sophia é youtuber do canal “Mundo Autista”, crítica de cinema no “Portal UAI” e repórter da “Revista Autismo“. Aliás, ela atua como criadora de conteúdo desde 2009, quando estreou como crítica de cinema, colaborando com o site Cineplayers!. Também, é formada nos cursos “Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica” (2020) e “A Arte do FIlme” (2018), do professor Pablo Villaça.

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