Por que a criação de Scooby-Doo é atemporal? Resenha de Scooby-Doo na Ilha dos Zumbis, o filme mais complexo e ambicioso da franquia.
“Scooby-Doo na Ilha dos Zumbis” revelou-se uma surpresa lúdica e profundamente interessante. Além disso, o filme despertou imediatamente memórias afetivas da minha infância, um tempo em que o desenho era meu hiperfoco. Afinal, sempre fui atraída por suspenses e pela oportunidade de desvendar mistérios junto com os personagens.
A criação de Scooby-Doo sempre me pareceu atemporal, com elementos que agradam crianças de qualquer geração ao tratar da temática do mistério e dos fantasmas — justamente aquilo que costuma assustar os pequenos. Afinal, os personagens são interessantes e funcionam como espelhos de figuras que a criança pode identificar em seu cotidiano.
Um aspecto particularmente lúdico é a relação entre Salsicha e Scooby-Doo. Isso porque o desenho já trazia a presença de um pet numa época em que essa ligação não era vista como hoje, quando falamos em “tutores” em vez de “donos”. Na minha infância, a relação deles parecia ainda mais profunda: eram melhores amigos. O que fica evidente na famosa cena do filme em que alguém menciona “o cachorro” e Scooby, confuso, pergunta: “Cachorro? Onde?”.
Neste filme, especificamente, a qualidade da animação salta aos olhos. A produtora solicitou os serviços de desenhistas japoneses, o que resultou em cores maravilhosas e um traço muito mais expressivo.
Além da estética, o filme me agradou pela sua profundidade temática. Ele faz um passeio pela história do sul dos Estados Unidos. Dessa forma, cria fantasmas que são mais “possíveis” do que os tradicionais seres humanos de máscara. Esta, a meu ver, é uma metáfora perfeita sobre os fantasmas criados pela própria história daquela região. A trama também explora o misticismo, ao sugerir que um desejo, ao ser satisfeito, pode atrair uma maldição.
São esses componentes que, mesmo 27 anos após a produção, tornam o filme completamente ousado e inovador aos meus olhos. Foi, sem dúvida, uma excelente experiência passar uma tarde lúdica e interessante assistindo ao filme ao lado da minha filha.
Selma Sueli Silva é criadora de conteúdo e empreendedora no projeto multimídia Mundo Autista D&I, escritora e radialista. Mestranda em Literatura pela UFPel, é também especialista em Comunicação e Gestão Empresarial (IEC/MG). Além disso, ela atua como editora no site O Mundo Autista (Portal UAI) e é articulista na Revista Autismo (Canal Autismo). Ela também é radialista, tendo trabalhado por 15 anos como produtora e debatedora do programa Rádio Vivo, na Itatiaia. E é autora de livros como “Minha vida de trás pra Frente” (2017), “Camaleônicos” (2019) e “Autismo no Feminino” (2022).
Em 2019, Selma recebeu o prêmio de Boas Práticas do programa da União Europeia Erasmus+. Além dele, ganhou Prêmio Microinfluenciadores Digitais 2023, na categoria PcD. E é membro da UNESCOSOST movimento de sustentabilidade Criativa, desde 2022. Como crítica de cinema, é formada no curso “A Arte do Filme”, do professor Pablo VIllaça. Também é mentora em “Comunicação e Diálogo” para comunicação eficaz e um diálogo construtivo nos Relacionamentos Interpessoais, Sociais, Familiares, Profissionais e Estudantis.
“Scooby-Doo na Ilha dos Zumbis” é o melhor e mais ambicioso longa-metragem da amada franquia de mistério infantojuvenil e, também, um marco na animação de horror. O grande mérito do filme, cujo slogan promete ameaças reais em vez de vilões mascarados de monstros, está no enredo que remete aos sofrimentos da guerra civil. Dessa forma, há uma complexidade e uma humanidade mais expressivas na narrativa. Com isso, o filme trabalha com densidade e frescor surpreendentes as noções de risco e de perigo, de vilão e de vítima e de humor versus melancolia.
Além disso, a qualidade do desenho, das cores à ambientação, é primorosa. O cenário do pântano da Louisiana é usado com perfeição. A animação é mais sombria, repleta de sombras e com um design de som que utiliza o silêncio e os sons ambientes, como os grilos do pântano, para aumentar a tensão.
Sophia Mendonça é jornalista, professora universitária e escritora. Além disso, é mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UFPel). Idealizadora da mentoria “Conexão Raiz”. Ela também ministrou aulas de “Tópicos em Produção de Texto: Crítica de Cinema “na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), junto ao professor Nísio Teixeira. Além disso, Sophia dá aulas de “Literatura Brasileira Contemporânea “na Universidade Federal de Pelotas (UfPel), com ênfase em neurodiversidade e questões de gênero.
Atualmente, Sophia é youtuber do canal “Mundo Autista”, crítica de cinema no “Portal UAI” e repórter da “Revista Autismo“. Aliás, ela atua como criadora de conteúdo desde 2009, quando estreou como crítica de cinema, colaborando com o site Cineplayers!. Também, é formada nos cursos “Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica” (2020) e “A Arte do FIlme” (2018), do professor Pablo Villaça. Além disso, é autora de livros-reportagens como “Neurodivergentes” (2019), “Ikeda” (2020) e “Metamorfoses” (2023). Na ficção, escreveu obras como “Danielle, asperger” (2016) e “A Influenciadora e o Crítico” (2025).
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