Jurado Nº 2 é o quadragésimo filme do brilhante Clint Eastwood, que já nos presenteou com obras como “Menina de Ouro” e “As Pontes de Madison”. E é muito bacana ver o quanto o filme espelha o amadurecimento e a bagagem que Clint acumulou em 94 anos de vida, sendo cinco décadas de carreira como diretor.
Assim, o cineasta esbanja empatia por personagens complicados em situações duras. E que, mesmo sendo pessoas que buscam viver de maneira coerente e correta, não conseguem abrir mão de suas bagagens e preconceitos para julgar questões complexas. Dessa forma, os personagens acabam por trivializar e banalizar o ato do julgamento.
Em tempos de cultura de cancelamento, as discussões que Jurado Nº 2 apresenta são revigorantes. Com isso, a obra traz reflexões profundas sobre moralidade, verdade e justiça. Além disso, questiona como outros interesses escondidos, que podem ser nobres ou não, interferem em tudo isso.
Sem contar que Nicholas Hoult está excelente no complexo papel-título. No papel de um homem exemplar com um segredo terrível, ele aproveita cada momento para tornar o dilema ético do personagem ainda mais difícil. Assim, não cede ao maniqueismo nem a emoções superficiais.
Essa qualidade se estende à própria direção de Clint Eastwood, que com seu estilo minimalista expõe rachaduras do sistema jurídico de um modo contundente. Isso não se restringe à corte de um tribunal e nem ao cenário dos Estados Unidos, mas diz muito do ato de julgar e de como as instituições podem validar mentiras e injustiças.
Além disso, Clint reflete sobre o que de fato é a verdade e a justiça
. O que constitui cada um desses conceitos? Eles estão necessariamente ligados? Como agimos quando tudo isso se escancara em nossa frente? Se é impossível ter uma noção de todo, qualquer julgamento é inválido? Tudo isso pipoca em nossa mente durante a exibição.Sophia Mendonça é jornalista, professora universitária e escritora. Além disso, é mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Ela também ministrou aulas de “Tópicos em Produção de Texto: Crítica de Cinema “na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), junto ao professor Nísio Teixeira. Além disso, Sophia dá aulas de “Literatura Brasileira Contemporânea “na Universidade Federal de Pelotas (UfPel), com ênfase em neurodiversidade e questões de gênero.
Atualmente, Sophia é youtuber do canal “Mundo Autista”, crítica de cinema no “Portal UAI” e repórter da “Revista Autismo“. Aliás, ela atua como criadora de conteúdo desde 2009, quando estreou como crítica de cinema, colaborando com o site Cineplayers!. Também, é formada nos cursos “Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica” (2020) e “A Arte do FIlme” (2018), do professor Pablo Villaça.
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