Arte e entretenimento

Crítica do Filme: Entre Mulheres

Entre Mulheres é um filme com foco no diálogo. Isso é sempre uma opção arriscada para um longa-metragem. Afinal, coloca em risco o ritmo e o impacto da produção. Porém, a obra está longe de parecer uma produção teatral muito dura para o cinema. Isso porque a cineasta Sarah Polley, que ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado por este trabalho, sabe muito bem o que quer com essa escolha. Dessa forma, a diretora e roteirista explora os vários desafios de mulheres cujos corpos e dignidade não lhe pertencem. Além disso, ela investiga a responsabilidade de toda a comunidade sobre esse abuso. E o faz mantendo as imagens atrozes de fora. Isso porque, para ela, o que importa é colocar as mulheres conversando.

Qual é a sinopse do filme Entre Mulheres?

Este filme tem como base o livro de Miriam Toews e os eventos reais que ocorreram na colônia de Manitoba, na Bolívia. Assim, Entre Mulheres segue as mulheres de uma comunidade religiosa que lutam para conciliar a fé e os desafios concretos do cotidiano. Afinal, em 2010, as mulheres desta comunidade isolada seguem a religião da igreja Menonita. Porém, acabam descobrindo um segredo chocante sobre os homens da comunidade que controlavam suas vidas e fé.

Ou seja, os homens usaram anestésicos para drogar e estuprar mulheres e meninas durante a noite por muitos anos, o que às vezes resultou em gravidez. Além disso, a comunidade mantém a mulher em um estado sem acessos à escolaridade. Isso ocorre com o objetivo de torná-las subserviente às necessidades dos membros masculinos da comunidade.

Mulheres conversando sobre temas delicados em filme vencedor do Oscar

A partir de então, Sarah Polley se abre para os dilemas das personagens. Ou seja, elas devem se opor às figuras masculinas ou perdoarem toda uma agressão e abrir um novo caminho junto com os homens? Afinal, seria justo pensar em uma tentativa de redenção ou na fé de que o desconhecido é melhor que o conhecido?

Tudo isso vem da inspiração em uma história real, que aconteceu na Bolívia em 2009. Porém, há um quê familiar e universal na narrativa. Assim, é possível estabelecer diálogos entre o filme e diversas outras questões que afetam mulheres. Isso tudo se materializa no filme de maneira ao mesmo tempo perturbadora e emocionante. Essa dicotomia também aparece no senso de humor amargo que marca a relação entre as personagens. Então, todo o impacto se fortalece nas interpretações impetuosas e na força da trilha sonora, que combina elementos antigos e modernos. Ou seja, realça o caráter atemporal e universal da narrativa.

Avaliação

Avaliação: 4.5 de 5.

Trailer

Trailer do filme Entre Mulheres, que venceu o Oscar de Melhor Roteiro Original em 2023

Autora da Crítica

Sophia Mendonça é uma youtuber, podcaster, escritora e pesquisadora brasileira. Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.

Mundo Autista

Posts Recentes

Uma explosão sensorial no autismo

Acessibilidades para uma explosão sensorial no autismo e o Transtorno do Processamento Sensorial (TPS) são…

1 dia atrás

A autista Sophia Mendonça e o Budismo

Sophia Mendonça e o Budismo: “Buda é aquele que consegue suportar” e mesmo o inferno…

2 dias atrás

Crítica de cinema sem lacração, Sophia Mendonça lança newsletter no Substack

Crítica de cinema sem lacração, Sophia Mendonça lança newsletter no Substack. De volta às raízes,…

2 dias atrás

Conto infantil é metáfora para o autismo?

Conto infantil é metáfora para o autismo? Youtuber e escritora Sophia Mendonça lança contação de…

2 dias atrás

Crítica: Nunca Fui Beijada (1999)

Nunca Fui Beijada é bom? Drew Barrymore é a alma cintilante de clássico das comédias…

3 dias atrás

Pensamento lógico e o autismo

Pensamento lógico e o autismo. O que isso significa? Tenho considerado o peso da ponderação…

1 semana atrás

Thank you for trying AMP!

We have no ad to show to you!