“Camaleões” (2023) é o novo filme de detetive disponível na Netflix. Esta obra tem direção de Grant Synger, que estreia no cinema após trabalhar em videoclipes de astros como The Weekend e Sam Smith. Porém, ao contrário do que McG fazia em produções como “As Panteras” (2000), ele opta por se distanciar da linguagem dos clipes musicais neste outro tipo de audiovisual.
Assim, o agora cineasta mostra-se um discípulo de David Fincher, que comandou suspenses policiais como “Se7en – Os 7 Crimes Capitais” (1995) e “Garota Exemplar” (2014). E, mesmo sem exibir a mesma densidade como autor, ele tem um trunfo na manga. Ou seja, a interpretação intrigante de Benicio Del Toro no papel principal confere a “Camaleões” um outro nível de complexidade.
Aqui, Del Toro interpreta Nichols, que é um detetive durão. Ele trabalha no caso brutal de assassinato de uma jovem corretora de imóveis. Durante o percurso, o homem começa a dissipar certezas de sua própria vida.
Com essa premissa, “Camaleões” se escora em lugares comuns das narrativas policiais. Dessa forma, há um quê de exagero no desenvolvimento das situações que acaba por comprometer a verossimilhança e o impacto da obra. Porém, existe também um clima angustiante e opressor que consegue manter o interesse pela história. Inclusive, o bom uso da trilha sonora favorece essa qualidade.
A dinâmica entre Alicia Silverstone e Benicio Del Toro, por sua vez, rende alguns dos melhores momentos da obra. Isso ocorre porque Alicia desenvolve o típico papel da esposa de maneira interessante. Afinal, a personagem é destemida e intelectualmente engajada com o mistério. Enquanto isso, Del Toro sugere traumas por meio de olhares e gestos com sutileza e eficiência.
Sophia Mendonça é uma influenciadora, escritora e desenvolvedora brasileira. É mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.
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Não vi onde está o autismo no filme. Dá para me explicar?
Claro, Iva. O autismo está no hiperfoco da jornalista e autora da crítica. É um incentivo, inclusive, aos autistas que pensam que o hiperfoco não é funcional. Abraço.