Arte e entretenimento

Crítica: Arraste-me Para o Inferno (2009)

“Arraste-me Para o Inferno” (2009) trouxe o cineasta Sam Raimi (“Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”) de volta ao subgênero que o consagrou. Isso porque, antes de se estabelecer como um diretor rentável da Marvel e filmes de super-herói como a primeira trilogia do “Homem-Aranha”, ele se dedicava ao sub gênero terrir. Este é um estilo de horror trash, que quando bem realizado é capaz de provocar o medo, o susto e a gargalhada em um mesmo momento do filme. E “Arraste-me Para o Inferno” o faz, simultaneamente, com louvor. Além disso, tem um enredo instigante e uma rainha do grito de primeira grandeza.

Arraste-me para o Inferno é terrir de alto nível

Em Los Angeles, Christine Brown (Alison Lohman) trabalha como analista de crédito e vive com o namorado, o professor Clay Dalton (Justin Long). Um dia, com o objetivo de impressionar o chefe, ela recusa o pedido de uma senhora (Lorna Raver) para conseguir um acréscimo na hipoteca. Então, a senhora joga uma maldição sobrenatural na moça. Com isso, coisas estranhas começam a acontecer até que ela literalmente seja arrastada para o inferno, no prazo de três dias.

Assim, Arraste-me para o Inferno não perde tempo em apresentar a premissa para o público. E o faz com charme e inteligência. Além disso, há doses elevadas de humor perverso e escatologia. Porém, tudo isso está tão bem equilibrado com cenas mais calmas que o choque e o susto vêm potencializados pelo contraste. Então, quando percebemos os toques cartunescos da dinâmica, o medo e a gargalhada também tornam-se mais intensos.

Filme se beneficia da força da protagonista Alison Lohman

Outro ponto forte da obra é o desfecho ousado e impactante, que se beneficia pelo percurso construído por meio da interpretação impecável de Alison Lohman. Isso porque ela consegue corresponder às expectativas de uma protagonista doce e vulnerável de filme de terror, ao mesmo tempo em que evidencia a transformação da personagem em alguém forte e determinada. E o que é mais incrível, ela o faz sem esquecer-se de que a personagem é apenas um artifício do roteiro. Ou seja, mais importante do que o drama dela, é a capacidade de nos envolver com a natureza despretensiosa do entretenimento da trama.

Também é memorável a interpretação de Lorna Raver como a vilã caricata Sylvia Ganush. Assim, “Arraste-me Para o Inferno” aprimora com inovações tecnológicas o terrir dos anos 80 sem esquecer-se da essência tosca dele. Com isso, proporciona momentos inesquecíveis. Além de brincar metaforicamente com a relação entre banco e clientes. Afinal, o filme foi lançado em um momento de crise econômica nos Estados Unidos.

Avaliação

Avaliação: 5 de 5.

Autora da Crítica

Sophia Mendonça é uma youtuber, podcaster, escritora e pesquisadora brasileira. É mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.

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