“Apertem os Cintos: O Piloto Sumiu” (1984) não está livre da falta de estrutura que marca as produções do gênero comédia besteirol. Ou seja, a trama é frágil. Portanto, as situações de humor implausível parecem em muitos momentos soltas no roteiro. Ou seja, é se o filme fosse uma colagem de esquetes. Isso porque a obra abraça a ideia de paródia, muito mais do que de sátira, no que se refere à recriação de cenas das obras que busca referenciar.
Mas, como ninguém vai assistir a um pastelão como esse na expectativa de encontrar algo além de gargalhadas, a única coisa que interessa aqui é em que medida a obra faz rir ou não. Nesse sentido, o senso de humor é subjetivo. Mesmo assim, chama a atenção o quanto filmes bobos como esse são sempre produzidos, criticados e esquecidos o tempo todo. Porém, “Apertem os Cintos: O Piloto Sumiu” é muito mais lembrado em listas de comédias memoráveis.
Assim, o longa-metragem é dirigido e escrito por Jim Abrahams, David Zucker e Jerry Zucker Este é um trio bastante experiente no estilo sátira besteirol. São deles, por exemplo, os ótimos “Corra que a Polícia vem Aí” (1988) e “Todo Mundo em Pânico 3” (2003). Então, eu adoro o modo como eles criam uma atmosfera de filme sério em meio a uma sucessão de situações exageradas e absurdas.
Aliás, o elenco de todas essas obras inclui Leslie Nielsen, que é um dos mestres na técnica de interpretar um personagem de maneira séria. E com isso, potencializar a graça do besteirol. Ou seja, as reações dele vão na direção contrária às caretas e zoações.
Então, “Apertem os Cintos: O Piloto Sumiu!” é um amontoado de repetições, excessos e piadas ao estilo quinta série. Porém, ele apresenta um domínio incrível em trabalhar o choque entre credulidade e absurdo. Dessa forma, fica muito mais fácil se entregar à brincadeira e se divertir.
Sophia Mendonça é uma jornalista, escritora e pesquisadora brasileira. É mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+
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