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Como tenho lidado para evitar a crise durante processo de transição

Victor Mendonça

Transições não são processos fáceis para autistas. É certo que o novo, o desconhecido mexe com todo mundo, por causa da instabilidade e insegurança inerentes à transitoriedade da vida. Contudo, quando falamos de autismo, a intensidade de como uma característica aparentemente comum se manifesta na vida do indivíduo é determinante. Então, se a pessoa típica pode apresentar algum receio de situações novas ou inesperadas, o impacto na vida do autista é bem maior, a ponto de causar desafios ou prejuízos enormes e mesmo intensificar as condições coexistentes ao TEA, como (no meu caso) transtorno de humor e ansiedade generalizada.

É justamente no momento de transição que devemos estar mais atentos para prevenir uma possível crise. Uma vez que a crise se inicie, fica tudo mais difícil e os resultados podem gerar muito sofrimento. Por isso, a ação com relação às crises, nesses momentos, é sempre preventiva.

Essa dificuldade com transições me acompanha desde que passei do ensino infantil para o fundamental e não é diferente agora que, meses após concluir a graduação em Jornalismo, inicio oficialmente o vínculo como mestrando em Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tendo, inclusive, que me ver em outro papel, o de preparar aulas e lecionar.

Por isso, retornei ao psiquiatra na última semana do mês anterior ao início das aulas para verificar esta questão que tanto me afligia, desregulava meu sono, deixando-me ansioso. E que, pior, trazia uma sensação de frustração, um cansaço por estar envolvido em muitas atividades ao mesmo tempo. Agora, me conhecendo melhor, tratei de investigar e tomar consciência para saber lidar melhor com a situação. Descobri que, mesmo com toda a minha rigidez de pensamento, querendo manter o controle de tudo, eu cheguei a um ponto da minha carreira como jornalista e escritor em que precisava fazer escolhas. Precisava saber o que mais fazia sentido manter como prioridade, e o que teria que ser ressignificado ou até deixado de lado durante o processo letivo.

O mestrado me exige dedicação exclusiva, então não tenho vínculos com nenhuma empresa enquanto desenvolvo a minha pesquisa. Esse é um ponto muito especial, porque mostra que é importante que eu tenha tempo e saúde para investir na minha formação acadêmica. Tenho certeza de que a minha visão, como comunicador social e das nuances do espectro autista, será ampliada durante a pós-graduação. Assim, poderei contribuir muito mais para o site e o canal do “Mundo Autista”, de uma forma diferente, mais rica e menos engessada. Estou ansioso para colocar em prática todo esse conhecimento que venho adquirindo desde que defini o recorte do que queria pesquisar dentro da linha Textualidades Midiáticas.

Mundo Autista

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