“Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa”, produção baseada nos quadrinhos da DC Comics, traz o universo feminino para os filmes do estilo de maneira divertida e tecnicamente correta. Aliás, o filme tem direção de Cathy Yan.
Assim, na trama, Arlequina (Margot Robbie), Canário Negro (Jurnee Smollett-Bell), Caçadora (Mary Elizabeth Winstead) e a policial Renée Montoya (Rosie Perez) formam um grupo inusitado de heroínas depois de a primeira separar-se do Coringa. E quando um perigoso criminoso começa a causar destruição em Gotham, esse grupo de mulheres precisa se unir para defender a cidade.
Então, o que há de mais interessante em “Aves de Rapina” é a narração sob o ponto de vista da anti-heroína, que, vivida por Margot Robbie de maneira histriônica, rende os melhores momentos do filme. Afinal, a personagem parece ter consciência de todos os problemas, clichês e lugares comuns do gênero policial aos quais a roteirista Christina Hodson incorre. Porém, se isto é divertido em alguma medida, por outro lado acaba evidenciando a fragilidade do alicerce sob o qual a obra é construída.
Além disso, um outro aspecto que chama a atenção é que a diretora Cathy Yan parece ter tomado boa parte de sua inspiração para o longa-metragem na comédia dell’arte. Afinal, é de onde inclusive se deriva o nome da protagonista. Tal ramificação do teatro veio se opor a comédia erudita, com altos toques de improviso e de interação com o público. E é esta a impressão que se tem ao assistir a “Aves de Rapina” Além disso, a diretora acerta ao não tratar as personagens femininas como objetos. Ou seja, o filme revela-se importante ao, sem apelar para a sensualidade, mostrar a força e, também, o ridículo daquelas mulheres por meio da personalidade delas.
Sophia Mendonça é uma youtuber, podcaster, escritora e pesquisadora brasileira. Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.
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