Ao ouvir que autista raiz detesta viver sob pressão, você pode até estranhar. Mas, de verdade, o autista que não se submeteu a nenhum treinamento comportamental ou influências distorcidas é assim. Por isso, estou chamando de autista raiz.
Já falamos por aqui, que o autista prefere viver direcionado por regras claras. E que ele aprende atividades do dia a dia quando tem acesso ao passo a passo. Por exemplo, lavar vasilha não é algo que ele aprenda só de observar. Na realidade, quem está dentro do TEA, pode entrar e sair de uma cozinha 10 anos seguidos e não se dar conta de como as atividades que ele vê por lá são executadas.
Neste caso, entretanto, se cozinhar, ou lavar vasilha for o foco dele, essa pessoa vai procurar aprender tudo sobre o assunto. Perguntando a quem executa e pesquisando nas redes sociais. Além disso, em cada lugar que ele for, ele irá prestar atenção quando alguém estiver fazendo algo assim.
No entanto, se a pessoa não se interessar por isso, é preciso que o passo a passo fique claro. Aliás, é necessário ainda que seja repassado de maneira assertiva e resumida. Muita informação, de uma vez, atrapalha a qualidade do processamento cerebral.
E quando a pessoa dentro do TEA não se interessa por determinado assunto, como agir? Bem, se for criança, a técnica é a mesma, aplicada em geral. Desperte o interesse do autista, fazendo analogias, questionamentos, e até, dando a ele, dados para inferências. Ou seja, descobertas próprias.
Certamente, haverá aquelas tarefas, comuns em nosso dia a dia, que não despertam interesse de ninguém mas que são necessárias ao nosso desempenho na vida em sociedade. Nestes casos, explique, assertivamente, o motivo dessa necessidade para manter o equilíbrio do ambiente social em questão. Quando um pedido, uma tarefa, ou até uma imposição
exibe lógica no contexto, a pessoa autista estará receptiva à execução. E se ela não souber como executar? Daí, devemos voltar ao já citado, passo a passo.Normalmente, a pressão se deriva de uma urgência de quem a exerce. Ou de circunstâncias imprevistas. E ainda, de prazos mal elaborados. Quando isso acontece, essa ‘vibe’ que pressupõe o ‘caos’, atua negativamente sobre o autista. Dessa maneira, ele sai do equilíbrio que o caracteriza como pessoa produtiva. Nada de gritos, expressões de ansiedade. A pessoa que está dentro do TEA pode não entender a sua expressão, mas sabe que ela não é a de sempre. Logo, fere a rotina que abala sua segurança.
Trabalhar com o autista adulto ou criança fica mais fácil, quando vamos direto ao ponto. É fato que o autista raiz detesta viver sob pressão. Devemos falar menos, cooperar mais. É bom que o ambiente esteja organizado. Afinal, se o autista for organizado, ele se perde na organização. Mas se ele não for, ele também não consegue se organizar para fazer aquilo que, de fato, importa. Alguns vão falar alto todo o processo de sua construção. Outros, em silêncio, vão traçar esse processo mentalmente e podem se perder quando interrompidos.
Mas não se assuste. Quanto mais essas situações se repetem, mais segurança trazem ao autista. Assim, com o tempo, ele passa a executar tudo com rapidez e produtividade. É quando seu cérebro cria lacunas para os insights, umas vezes visionários mas, outras, verdadeiros apontamentos criativos.
Texto de Selma Sueli Silva
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Tenho muita dificuldade com pressão, odeio quando interrompe a minha rotina de trabalho, minha mesa precisa está muito bem organizada e detesto barulho lugares barulhentos, estou em análise ainda não sei se autista