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Autismo e as emoções

Autismo e as emoções: dadinhos amarelos com carinhas representando nossas emoções.

É preciso treinar habilidades de autocontrole emocional.

Em primeiro lugar, inicio o texto afirmando: O maior desafio de um autista é lidar com suas emoções. Essa dupla de autismo e as emoções é explosiva. A coisa funciona mais ou menos assim: você pensa, o pensamento gera uma preocupação. A preocupação gera um sentimento. Assim, desse sentimento nasce uma emoção.

Em outras palavras, alguns pesquisadores, atribuem três tipos de funções básicas a cada uma das emoções:

  1. Adaptativa

2. Social

3. Motivacional.

Seria ótimo, então, para o autista, aprender a lidar com suas emoções. Mas o que acontece, geralmente, com nossas emoções na prática?

Nossas emoções na prática

Por exemplo: O adolescente autista foi convidado para uma festa com os colegas de sala. Ele disse sim. De fato, quer ir. Mas um pouco depois, se arrepende. Mas o pensamento é: quero ir.

Contudo, a preocupação surge, um pouco depois. Ou seja, o encontro será no sábado. Mas ainda faltam 3 dias. Aliás, até lá, muita coisa pode acontecer. Dessa maneira, surgem mais perguntas:

Será numa pizzaria no centro da cidade. Como vou chegar lá? Chego na hora certinha? Um pouco depois? Aí já estarei atrasado. Tenho de cumprimentar todo mundo? A decisão parte de mim? Eu peço o que vou comer ou espero eles pedirem? Na hora de pagar vai dar confusão. Será com comanda? Será que posso sair antes? Tenho de despedir de um por um de novo?

O sentimento gerado é o medo. Já a emoção é uma reação imediata a esse sentimento que mexe com o adolescente. Desse modo, ela provoca uma sensação agradável ou desagradável. Neste caso, o medo causou a ansiedade. Entretanto, a ansiedade pode evoluir para tensão, aflição e angústia. Além disso, esse looping das emoções acaba por provocar reações físicas. Por exemplo: Sudorese, alteração do ritmo cardíaco, aumento da tensão muscular e da pressão, entre outros.

As emoções intensas no autismo provocam adoecimentos

A questão não é deixar de sentir medo. É, sim, sentir o medo na medida certa. Desse modo, ele nos protegerá de situações perigosas. Entretanto, quando o medo está além da medida, ele causa emoções que podem nos adoecer mental e fisicamente.

Em outras palavras, no exemplo, o sentimento foi o medo. O medo em grande escala gerou as emoções. Assim, muito do que acontece em nossa vida provoca emoções. Por definição, elas são diferentes de sentimentos. Uma emoção é algo que nos move, é uma reação química e neural que acontece quando o cérebro recebe algum tipo de estímulo externo. Dessa forma, a situação traz à tona, nossas memórias emocionais. Ou seja, outras vezes em que vivemos situações semelhantes.


Por outro lado, existem indivíduos que lidariam com a situação descrita, com grande naturalidade. Conforme Antônio Damásio, neurocientista português: “As emoções ocorrem no teatro do corpo. Os sentimentos ocorrem no teatro da mente”. Segundo o autor, a dor e o prazer são ingredientes essenciais dos sentimentos. E para controlar diferentes sentimentos, há sistemas cerebrais diferentes. E é isso que deve ser treinado na pessoa autista.

Crescer, um grande desafio para o autismo e as emoções

Na medida em que crescemos, mais responsabilidades surgem. Aliás, frequentemente nos sentimos perdidos em meio a tanta informação a ser absorvida, tantas decisões a serem tomadas, tantos caminhos a serem trilhados. Então, pensamento e sentimento formam, então, um furacão de emoções, geralmente, confusas e contrárias.

Entretanto, é preciso ter calma. Afinal, aprendemos a regular nossas emoções no decorrer da nossa infância e adolescência. Parte da nossa socialização tem a ver com a capacidade de treinarmos uns com os outros, iniciando pela família. Assim, no caso de autistas, esse fator pode ser treinado com na terapia.

Na vida adulta, situações como um entrevista de emprego, uma reunião importante com a chefia ou um exame profissional exigem habilidade para lidar com emoções desconfortáveis. As pessoas que não conseguem desenvolver habilidades flexíveis e efetivas de regulação emocional, podem experimentar emoções excessivas e persistentes. Certamente, emoções que interferem na busca de objetivos de vida. Encontrar um equilíbrio inteligente entre o racional e o emocional da nossa mente é a chave para aumentar a taxa de sucesso nas decisões.

Ao mesmo tempo, esse equilíbrio, entre o autismo e as emoções, é o resultado da experiência de vida e, portanto, de muitos erros cometidos ao longo do tempo.

Dicas para o autista lidar com suas emoções

  1. É preciso investir no autoconhecimento para adquirir mais controle emocional.

2. Aprenda a conviver e lidar com os sentimentos negativos que são parte de nossas vidas. Para isso, você vai precisar se organizar, conduzir e gerir seus anseios. Assim, você vai perceber o que pode te deixar mal. E, é claro, poderá ter mais controle sobre isso. Qualquer sentimento ruim, como tristeza, raiva, rancor, inveja, impaciência, frustração e por aí vai, não deve ser julgado. Apenas sinta, respire fundo e os deixe partir.

3. Respeite seus limites, por favor! Você sabe o que é melhor para você e até onde deve ir diante de determinada ocasião. Preocupe-se com as suas emoções e o que sentirá perante a situação. Para conseguir fazer isso, siga e domine os passos anteriores.

Mais dicas para avançar no controle das emoções

4. Faça exercícios físicos. Extravasar sentimentos e emoções significa: Corpo são, mente sã.

5. Leia sempre. Simples e fácil. Tenha sempre um livro ou revista às mãos. Vale ler no celular também. A leitura aprimora nossos conhecimentos e desenvolve uma mente mais saudável e evoluída.

6. Respire bem. Para muitos exercitar a respiração em meio à rotina do dia, é algo impensável. Porém, em situações estressantes, saia do ambiente que causa emoções e sentimentos negativos, e se concentre em sua respiração. Vai ver como funciona.

7. Não tome decisões no calor da emoção: minha avó dizia que as emoções não são boas conselheiras. Por isso, podem nos levar a tomar péssimas decisões. Tanto na vida pessoal, quanto na vida profissional. Seja empático para não descontar no outro suas frustrações. Essa é a maneira certa de evitar mais problemas.

8. Por fim, entenda que reclamar só ATRAPALHA. Assumir, neste momento de frustração, dor, ou raiva, uma postura mais assertiva. Reclamar só alimenta o pior em nós, além de nos fazer perder o controle emocional.

Aprendemos muito com erros e problemas. Em todas as situações de nossa vida, quando nos vemos numa situação desagradável, é que acionamos a nossa criatividade. Mantendo o controle emocional, analisamos toda a situação, com calma e podemos conseguir perceber os ensinamentos e aprendizados que cada desafio tem para nos oferecer. O outro nome de problema é vitória. Só depende de nós!

Texto de Selma Sueli Silva

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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