Velma estreou na HBO Max em janeiro. Porém, a série rapidamente alcançou uma façanha quase impossível e nada lisonjeira. Ou seja, tornou-se praticamente uma unanimidade nas mídias sociais que esta tentativa de criar uma série própria e adulta para a adorável personagem do Scooby-Doo é um desastre. Assim, esta criação de Mindy Kaling segue a adolescente Velma Dinkley enquanto ela tenta resolver os assassinatos em série de suas colegas do ensino médio, bem como o mistério maior que a atormenta: o desaparecimento de sua mãe.
Ou seja, Velma pretende servir como uma história de origem. Dessa forma, explicita a homossexualidade da personagem e a coloca como líder da Mistério S/A. Assim, Fred, Daphne e Salsicha (referido aqui por seu nome de batismo, Norville) são colegas de escola de Velma. Mas, em uma tentativa frustrada de modernizá-los e apresentá-los aos jovens contemporâneos, vão de amigos a inimigos, ao apresentar sentimentos nem sempre correspondidos uns pelos outros.
Aliás, um dos aspectos que tornaram as séries anteriores do Scooby-Doo uma franquia tão amada e duradoura era justamente o respeito quase conservador ao material. Afinal, havia uma fórmula muito funcional, que era sempre aplicada com muito bom humor, com poucas variações entre uma versão e outra. Mas Velma opta por tentar revitalizar e modernizar as noções originais, o que por mais ousado que seja, poderia render resultados memoráveis. Aliás, exemplos como “Wandinha” e “Pretty Little Liars: Um Novo Pecado” mostram que a ideia deste spin-off em si não é ruim.
Porém, Velma carece de um equilíbrio na maneira como faz referência e altera o original. Ou seja, a série é incapaz de se tornar pertencente àquele universo clássico, a começar pela ausência do próprio Scooby-Doo. Além disso, ao satirizar sugestões que emergiram dos personagens anteriormente, pesa a mão no sarcasmo explícito, de modo a transformar aquelas figuras tão amadas em um grupo detestável de narcisistas. Este é um defeito grave, porque sem ninguém para se apegar, fica difícil se engajar com o mistério ou mesmo rir das piadas com forte crítica social. E sem funcionar como suspense ou comédia, a parte reflexiva torna-se ainda mais insossa.
Sophia Mendonça é uma youtuber, podcaster, escritora e pesquisadora brasileira. Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.
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