Afinal, um médico pode tirar o diagnóstico dado por outro médico? Ou seja, se eu tenho uma condição para a vida toda, como é o autismo, o médico irá invalidar o que um colega de profissão dele considerou? Para isso, temos a resposta que na programação a gente chama de booleana, sim ou não. Porém, também há a resposta mais interpretativa e mais reflexiva. Isso porque é um ponto que exige não apenas dados. Mas, sobretudo, exige uma capacidade interpretativa.
Então, o médico pode tirar o diagnóstico dado por outro médico? Sim, ele pode. Inclusive, está previsto no código de ética médica que o paciente tem direito a uma segunda opinião. Nesse sentido, é bom frisar a palavra paciente. Ou seja, a gente sempre tem que pensar no que é melhor para ele, no direito dele. Então, não é sobre invalidar o que a pessoa é. Isso porque o autismo não é como uma dor de cabeça temporária, por exemplo. Na verdade, o autismo é uma condição neurodivergente para toda a vida.
Nesse sentido, não é incomum haver pessoas que foram diagnosticadas na fase adulta por médicos experientes e competentes em analisar as nuances desse diagnóstico em adultos. Afinal, além dos critérios diagnósticos, há a maneira como eles vão se manifestar. Então, o médico precisa de um estudo, de uma investigação e de um conhecimento muito aprofundado, que infelizmente nem todos os médicos têm. Isso ocorre inclusive por falta de possibilidade. Ou seja, depende também do que o médico escolheu se especializar.
Infelizmente, poucos médicos no Brasil têm a percepção de como se dá o diagnóstico em adultos. Mas e se a pessoa recebeu diagnóstico por um médico X, aí ela se muda de estado, por exemplo, e tem que se consultar com determinado profissional? Ou, às vezes, por condições financeiras, essa troca precisa ser feita? Daí, o novo médico não tem esse mesmo conhecimento e recai em velhos estereótipos para negar e invalidar o diagnóstico de autismo.
Infelizmente isso existe, isso é real. Em um conteúdo sobre traços de autismo em idosos, eu cheguei a comentar que o médico psiquiatra que faz uma avaliação para a descoberta de autismo lida com uma vida que está por algum motivo, com algum sofrimento, alguma questão. Então ele precisa de uma resposta que seja bem completa e bem objetiva do que está causando esse desconforto no paciente.
Se é autismo ou não, tudo bem. Porém, tem que haver um argumento, uma base, um embasamento para isso. Mas se o médico não for capaz disso e usar argumentos muito do senso comum, é melhor trocar de profissional.
Assim, esse conteúdo fica mais como um apelo, principalmente aos aos médicos, que continuam estudando, se atualizando sobre as diversas maneiras de a condição autista se manifestar. Isso requer humildade. Ou seja, se não sabe sobre algo, encaminhe o caso, procure discutir. Sobretudo, por favor, lembre-se que por mais que pareça uma pessoa altamente funcional à suaz frente, é uma vida e ela precisa ser tratada como tal.
Sophia Mendonça é uma youtuber, podcaster, escritora e pesquisadora brasileira. Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.
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