Terror Imaculada e o mal que vem do bem são o tema da crítica de Sophia Mendonça para o filme protagonizado e estrelado por Sidney Sweeney.
Imaculada, junto com A Primeira Profecia, vem sendo considerado um marco do renascimento do terror nunsploitation. Estes filmes são usualmente protagonizados por freiras cristãs em conventos e tem como principal conflito narrativo a opressão religiosa e sexual ao feminino.
Porém, se ambos os filmes têm caminhos muito diferentes para chegar a lugares parecidos, confesso que Imaculada me impactou muito mais. Claro, isso é muito subjetivo e vai depender de qual estilo cinematográfico o espectador melhor se identificar e considerar mais assustador.
Imaculada é bem rasteiro que o filme de Arkasha Stevenson no que se refere aos sustos. Isso aqui vem muito do jump scare, que é aquilo que aparece inesperadamente, num piscar de olhos e assusta a plateia. Então, não é uma obra tão focada na construção de um clima tenso. Pelo menos no desenrolar dos dois primeiros atos.
Mas, mesmo que mais banal nas estratégias para amedrontar, o diretor Michael Mohan sabe muito bem como utilizá-las. Afinal, ele executa com maestria estratégias para surpreender a plateia. E assim, amedrontá-la. Exemplos disso estão no uso da trilha sonora e de sequencias de sonho, ambas muito características do cinema de terror.
Porém, Imaculada tem uma ambição muito maior do que ser mais um filme genérico do estilo. O terceiro ato, ainda que parta de um acontecimento um pouco caricato, é carregado de tensão e capaz de prender a plateia como algumas das melhores obras do gênero. Nesse sentido, a construção dos dois primeiros terços da produção mostra-se perfeita para potencializar o impacto da parte final. Isso porque após envolver o espectador em uma trama de sustos, a produção subverte as expectativas com reviravoltas chocantes, perseguições implacáveis e uma atmosfera capaz de provocar calafrios.
Sem destoar do que havia construído até então, Imaculada não apenas subverte o que poderíamos esperar em um primeiro momento, como faz isso de uma maneira forte e verdadeiramente inteligente. Nesse sentido, entender que o bem pode fazer o mal e que o discurso benéfico pode esconder aspectos muito contraditórios e até prejudiciais são conceitos importantes para a compreensão da história. E o final, claro, esse sim entra para o hall da fama do cinema, Muito por causa da força da interpretação de Sidney Sweeney, que acompanha o fôlego crescente do filme.
Sophia Mendonça é jornalista e escritora. Também, atua como youtuber do canal “Mundo Autista” e repórter da “Revista Autismo“. Além disso, é mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Assim, em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Já em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.
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