Antes de mais nada, começo explicando para vocês minhas vivências e observações sobre a importância de se ter um propósito. Isso mesmo, ter propósito na vida é o caminho. Ao longo dos anos de 2012 a 2019, passei por uma série de mudanças pessoais. Como resultado, obtive mais autoconhecimento e, consequentemente, experimentei maior fluidez nos meus dias.
Portanto, estabelecer um ou mais propósitos me auxiliou na compreensão do que significa viver. Percebi que as pessoas que não possuíam um propósito eram mais facilmente corruptíveis, principalmente a corrupção fundamental. Ou seja, a corrupção do Eu.
Conforme conto nos workshops que dou sobre Yoga e Psicologia, houve um professor de psicologia social chamado Zimbardo. Na década de 70, nos EUA, ele propôs um experimento que ficou conhecido como “O experimento de Stanford”. Assim, Zimbardo dividiu seus voluntários em dois grupos: aqueles que interpretariam a função de policiais e aqueles que interpretariam a função de criminosos.
Aliás, o experimento que inicialmente iria durar 2 semanas, chegou ao fim em 6 dias. Em um ambiente que simulava uma cadeia, os voluntários se deixaram levar longe demais pela atuação. Dessa forma, policiais e criminosos estavam agindo como se de fato fossem aquelas suas realidades. Agressões, maus tratos, ódio mútuo e uma série de intervenções levaram o experimento ao fim.
O experimento me foi apresentado por um colega de faculdade. O objetivo era comprovar a natureza maldosa do ser humano. Ao ouvir toda a história lhe perguntei: “Você acha que se Gandhi estivesse fazendo parte desse experimento, ele se deixaria corromper?”. Após pensar um pouco, meu colega consentiu que não, e que, assim, sua teoria sobre a natureza do ser humano não se sustentava.
É isso o que chamo de corrupção do Eu. Para mim, faltou no experimento de Stanford, um propósito, um sentido de vida, para todos aqueles voluntários. À medida que vamos nos desenvolvendo no caminho de vida, percebo que passamos por um processo chamado individuação. Conforme explicou Carl G. Jung, na individuação nos tornamos seres mais entendedores dos sistemas que compõem a vida. Familiar, trabalho, estudo, ser humano, homem, mulher, classe social, raça. E, com isso, naturalmente, nos enxergamos como seres componentes desses sistemas. Assim, como não há separação entre o sistema, fora, e você, dentro, optamos por aquilo que é o melhor para todos. Logo, seguimos pelo caminho do bem.
Paradoxalmente, quanto mais individuados estamos, maior abrangência tem nossas ações e, por escolhermos fazer o bem a todos, vamos deixando de lado tudo o que faz mal. Por exemplo, sentimento, emoções, pensamentos, ações. Então, nos tornamos seres com conceitos pré-definidos. Isso porque já sabemos o que queremos para nós e para os outros. Assim, evitamos todo o resto.
Se, no experimento de Stanford, os voluntários tivessem claramente para si quem eles são, assumindo um propósito de vida como consequência, dificilmente entrariam no “efeito da massa”. Nesse efeito, nos deixamos levar p ela presença e energia de uma organização maior que nós. No caso citado, os papéis que eles deveriam representar.
Estudando a logoterapia, uma corrente psicológica elaborada por Viktor Frankl, me inteirei de uma pesquisa feita por Frankl. Os pesquisados eram os remanescentes do holocausto (no qual ele mesmo foi uma vítima).
Frankl identificou que todos aqueles que sobreviveram a esse período, possuíam um propósito, um sentido definido em suas vidas. Filhos, esposa, marido, tudo aquilo que os permitisse ir além das torturas e sofrimentos, para seguir adiante. Esses mantinham a sanidade mental e se recuperavam bem.
O propósito, se bem definido, alavanca o nosso desenvolvimento pessoal. Tal qual margens perfeitas em um rio, permite que esse (você) corra pela vida de maneira única. Sem transbordar ou secar, mas fluindo livremente. Quando você sabe quem é e o que quer, o meio externo deixa de ser uma imposição a você. Desse modo, o meio externo se torna mais parecido com uma ferramenta para sua a construção de sua evolução interior.
No grupo de meditação, guiado por mim, semanalmente, sempre utilizo recursos preparatórios, antes da meditação propriamente dita. Aliás, associado ao vibrar na gratidão e à atenção nas batidas do coração temos a criação de um propósito.
Tudo isso para alinhar nosso campo interno com frequências elevadas. Os recursos preparatórios são uma espécie de treinamento para familiarizar os alunos com as altas vibrações. Se pergunte sempre: Por que estou aqui? Por que estou fazendo o que faço? Como quero viver minha vida?
O propósito é capaz de te guiar pelas dificuldades e fluir nas facilidades, criando um caminho definido e maravilhoso em sua vida. Conte nos comentários se você já possui um propósito ou se irá criar um para você. Conte como o propósito mudou sua maneira de viver, te oferecendo profundidade em cada um dos seus dias.
Praticante do Yoga, desde 2012, Renan Kleber Lopes Dias se formou como professor de yoga pelo Estúdio Namaskara – SP, professor Mário Reinert, em um curso de 2 anos. É graduado em psicologia pela UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais, com especialização em psicologia social e formação complementar em pedagogia. Atualmente, dedica seu tempo ao estudo e ensino do yoga e meditação, oferecendo workshops sobre Yoga e Psicologia, além de oficinas de escrita e mandalas para crianças. Contato pelo Instagram: @almasirmãs
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