Alessandra Toledo, professora de Matemática
Lidar com algo desconhecido é sempre muito difícil. Logo percebi que Victor Mendonça, hoje escritor e youtuber do ‘Mundo Asperger’, era diferente, mas não conseguia identificar o quê. Primeiro, achei que não gostava da disciplina que eu lecionava, Matemática, depois achei que o problema era comigo. Na época, decidi pedir ajuda ao Serviço de Orientação Educacional. Então a psicopedagoga disse-me que ele tinha a Síndrome de Asperger.
Eu sou muito carinhosa. Gosto de abraçar e beijar meus alunos. Logo percebi que isso o incomodava. Depois o jeito dele de andar e falar também me chamaram a atenção.
Assim que as psicopedagogas falaram do Victor, pedi que agendassem uma reunião com a mãe dele. Conversamos muito, não foi somente uma reunião pedagógica. Nesse dia, ela me explicou como ele era e como eu deveria agir, sobre o que o incomodava. Foi um dos dias mais marcantes da minha vida…
Logo busquei ajuda nas leituras, pesquisei sobre o assunto. A partir desse dia, comecei a entender várias atitudes do Victor. Descobri, por meio das leituras, como eu deveria me “comportar” e “agir” com ele. Até o meu tom de voz, que é muito alto, eu precisava controlar (foi no nosso dia a dia que ele me ensinou isso).
Ensinar uma matéria a um autista que não tem afinidade com ela foi um grande desafio. Sempre achei que o afeto é o caminho mais eficaz, e com o Victor, não foi diferente. Muitas vezes sentei ao seu lado e, juntos, descobrimos o caminho do entendimento. E como era bom quando ele conseguia fazer as atividades, as provas! Não me importava a nota, ficava super feliz ao ver que estava progredindo e entendendo uma matéria que requer muita abstração. (A matemática do 8º ano não é tão fácil assim…).
Essa experiência levou-me a pensar e repensar muitos conceitos, pré-conceitos. Que nunca devemos subestimar. Que devemos enxergar além do que o olho vê. Victor me ensinou que ser professor é, além de tudo, ser educador. E como diria Rubem Alves: “Os educadores antes de serem especialistas em ferramentas do saber, deveriam ser especialistas em amor:
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.
Que sensibilidade e atenção desta professora que outras mais tenham essa atenção para que nossas crianças neste mundo azul não sofram preconceito e desatenção, parabéns Prof e Vitor ❤
Por mais professoras assim!!