Sofia Coppola e a Magia de "A Very Murray Christmas". Crítica do especial de natal da netflix com Bill Murray
Sofia Coppola é uma de minhas diretoras preferidas. Isso porque ela possui uma sensibilidade ímpar ao abordar temas como riqueza e privilégio, juventude e envelhecimento. Diferentemente de seu pai, Francis Ford Coppola — um dos cineastas mais operísticos e excepcionais de Hollywood — os filmes de Sofia costumam ser mais intimistas, capturando as nuances do cotidiano e os sentimentos mais sutis dos personagens.
A solidão humana, aliás, é tema de destaque em uma filmografia brilhante, cujo ápice encontra-se no perfeito “Encontros e Desencontros“ (Lost in Translation). Protagonizado por Bill Murray em um desempenho notável, o longa une drama e comédia, glamour e melancolia, sabedoria e vulnerabilidade de uma maneira doce e madura. Foi este trabalho em particular que consolidou a parceria entre a dupla — que voltaria a se reunir em “On The Rocks” (2020) — e abriu caminho para este caótico e afetuoso especial de Natal: “A Very Murray Christmas”.
Este telefilme rendeu à dupla, mais uma vez, nomeações a prêmios importantes como o Emmy, o DGA e o SAG Awards. As qualidades que tornaram “Encontros e Desencontros” uma obra tão lindamente sui generis — como o calor humano, o humor inteligente e seco e a construção cuidadosa de personagens — também são abundantes neste média-metragem. Embora possa parecer inicialmente melancólico ou confuso, ele resgata o espírito natalino dos antigos programas de variedades de um jeito muito especial.
Estão presentes todos os tropos do gênero: números musicais, danças, participações de celebridades e até a inspiração em “Um Conto de Natal”, de Charles Dickens. Porém, como não poderia deixar de ser em uma obra de Sofia Coppola, seu olhar é menos fantasioso e mais reflexivo. O filme encanta porque celebra a união e a solidariedade em meio a um cotidiano que nem sempre é alegre, mas que pode ser transformado em pura doçura. Como diz a personagem de Amy Poehler
: “Tudo o que é divertido é sempre difícil.“O equilíbrio entre o humor ácido e o afeto genuíno pelo cancioneiro de Natal é o ponto alto. Além disso, a lista de convidados é estelar, repleta de figuras como Miley Cyrus, Maya Rudolph, George Clooney e Chris Rock.
Sophia Mendonça é jornalista e escritora. Além disso, é mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UFPel). Ela também ministrou aulas de “Tópicos em Produção de Texto: Crítica de Cinema “na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), junto ao professor Nísio Teixeira. Além disso, Sophia dá aulas de “Literatura Brasileira Contemporânea “na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), com ênfase em neurodiversidade e questões de gênero.
Atualmente, Sophia é youtuber do canal “Mundo Autista”, crítica de cinema no “Portal UAI” e repórter da “Revista Autismo“. Aliás, ela atua como criadora de conteúdo desde 2009, quando estreou como crítica de cinema, colaborando com o site Cineplayers!. Também, é formada nos cursos “Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica” (2020) e “A Arte do FIlme” (2018), do professor Pablo Villaça. Além disso, é autora de livros-reportagens como “Neurodivergentes” (2019), “Ikeda” (2020) e “Metamorfoses” (2023). Na ficção, escreveu obras como “Danielle, asperger” (2016) e “A Influenciadora e o Crítico” (2025).
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