Arte e entretenimento

Resenha: A Plenitude do Ser, de Tina Turner

A Plenitude do Ser (2020) é um livro de memórias da lendária cantora e estrela do rock Tina Turner, que faleceu em junho deste ano. Trata-se, dessa forma, de uma narrativa autobiográfica com foco na prática espiritual budista da artista. Afinal, não apenas o legado artístico de Tina Turner é admirável. Também é um exemplo a maneira como ela lidou e superou desafios grandiosos, que vão de abandono dos pais à falência financeira, passando por doenças e violência doméstica. Então, como fã da autora e da persona dela, além de praticante budista, me senti profundamente tocada e inspirada por este livro.

Livro é cruzamento entre ensinamentos budistas e as histórias de Tina Turner

Dessa forma, A Plenitude do Ser é um cruzamento entre ensinamentos espirituais vindos da filosofia budista e as histórias pessoais e profissionais de Tina Turner. Assim, o livro traz desde uma leitura muito própria de momentos emblemáticos da vida da artista até confissões quase íntimas. Tudo isso encontra-se com base e em interação com os estudos do Budismo de Nichiren Daishonin sob a ótica da prática na organização budista Soka Gakkai Internacional (SGI).

Assim, o diálogo entre estudo e vivência evidencia a força da linhagem budista da SGI ao compreender as demandas cotidianas das pessoas e muni-las de ferramentas para uma aplicação prática das noções do budismo. Isso porque, às vezes, esses conceitos podem soar abstratos ou confusos se interpretados por uma ótica ocidental.

Além disso, a maneira como Tina Turner amarra as descobertas e relatos tornam A Plenitude do Ser um livro acessível e universal nas reflexões propostas. Há, inclusive, citações de diversas figuras emblemáticas do entretenimento, com base em diferentes formas de espiritualidade. Também, a obra tem aparições de outros budistas e músicos emblemáticos, como Wayne Shorter.

A Plenitude do Ser inspira como autobiografia e estudo budista

Dessa forma, A Plenitude do Ser revela-se uma obra corajosa e benevolente ao expor o caminho e as escolhas de Tina Turner rumo à paz e à sabedoria para triunfar sobre as dificuldades e transformar qualquer situação lamentável em oportunidade de aprimoramento. Com isso, além de ser uma introdução encorajadora ao budismo e uma autobiografia instigante para amantes da música, o livro também revela-se um alento em tempos nos quais os sentimentos de desesperança e impotência emergem como fonte de sofrimento.

Então, A Plenitude do Ser é um convite muito bem-vindo a repensar o sofrimento e experimentar as possibilidades de transformá-lo em fonte de criação da alegria. Tudo isso ocorreu, na jornada de Tina Turner, com base na valorização da dignidade da vida e de princípios como a transformação do veneno em remédio.

Avaliação

Avaliação: 5 de 5.

Autora da Resenha

Sophia Mendonça é uma youtuber, podcaster, escritora e pesquisadora brasileira. Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.

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