Mulheres são vítimas de relacionamentos abusivos no autismo. Sophia Mendonça analisa as causas e soluções para esse problema.
Hoje estou um pouco nervosa. Isso porque vou falar de um assunto delicado. Porém, é algo sobre o que precisamos discutir. Então, vou tocar nessa ferida dos relacionamentos abusivos. Aliás, esse tipo de relação já existe com mulheres típicas. Mas, com as mulheres autistas, vários fatores tornam a situação ainda mais complexa.
E o que é o relacionamento abusivo? Muitas vezes associamos essa noção à violência física. Porém, esta é apenas uma faceta possível do abuso de gênero. Mas, a tortura psicológica é ainda pior. Inclusive, o abuso emocional é frequente de acontecer com mulheres autistas. E aposta justamente no emocional, que é o ponto frágil das vítimas. Assim, o agressor afasta a mulher dos amigos, da família. Isso ocorre para que ele exerça um controle maior sobre ela.
Dessa forma, ocorre a manipulação. Mas, isso não acontece de um jeito que a pessoa se sinta sequestrada. Então, a vítima vai achar que aquela pessoa está doida para ficar com ela. Que aquela pessoa faz muita questão dela. E mais, que aquele relacionamento percebeu que a família é dominadora. Desse modo, o agressor afasta a vítima das pessoas próximas. Assim, a convence de que a está protegendo da mãe inconveniente ou dos amigos invejosos, por exemplo.
Porém, chega um momento no qual a vítima percebe que aquele relacionamento a está prejudicando. Mas, é aí que a pessoa manipuladora mostra a melhor faceta dela. Ou seja, convida a mulher para um passeio que ela ama. Ou então, o agressor surpreende ao suprir alguma necessidade que sabe que a namorada tem, como ao dar algo que ela precisa. Contudo, o relacionamento volta à estaca zero.
Aliás, uma característica comum nos relacionamentos abusivos é o foco do agressor nos sonhos da mulher autista. Então, enquanto a vítima está sonhando, o agressor segue traçando seus próprios planos, sem que a mulher perceba não fazer parte desta construção. Por isso, os abusadores têm o hábito de oferecer migalhas, como ao ir a um evento ou outro em vez de se doar ao relacionamento. E a mulher autista, em sua tendência à autoestima baixa e auto-culpa por não se enquadrar nos padrões de normatividade, sente-se satisfeita por achar que alguém gosta dela. Mas no fundo, o abusador não está preocupado com as opiniões e necessidades da vítima. Portanto, é importante buscar ajuda profissional para separar o joio do trigo.
Sophia Mendonça é uma youtuber, podcaster, escritora e pesquisadora brasileira. Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.
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Oi Amigos descobri esse livro e me fez amadurecer muito meu relacionamento.
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Uau, obrigada pela dica! Abraço.