BRUNA REZENDE / ESPECIAL PARA O MUNDO ASPERGER
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) recebeu, em Belo Horizonte, a primeira edição do Simpósio Internacional sobre Educação Inclusiva. Mais de 160 pessoas estiveram presentes no evento, que teve a presença internacional da doutora Lucia De Anna, professora de Didática, Educa
Os orientandos, estudantes da pós-graduação e do mestrado em Educação da UFMG Ana Carolina Ferrari, Deborah Oliveira, Felícia Santos, Luana Resende, Fabiana Cavalcante e Simone Vasconcelos, participaram
Para falar sobre suas novas obras, os autores Roberto Mendonça (“O Menino Artista”), Selma Sueli Silva (“Camaleônicos – A Vida de Autistas Adultos”) e Victor Mendonça (“Neurodivergentes”) participaram de um bate-papo mediado pelo professor universitário Maurício Guilherme Silva Jr.
De acordo com Roberto Mendonça, seu novo livro é uma ficção inspirada na trajetória do filho Victor. Voltada para crianças, a obra conta a hist
Selma, que se descobriu autista na fase adulta, usa seu diagnóstico e experiência para refletir, em “Camaleônicos – A Vida de Autistas Adultos”, sobre os desafios e aprendizados da descoberta do autismo e suas variações.
Fruto do Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo, o livro de Victor mistura o texto acadêmico com o jornalístico. O moderador do bate-papo, Maurício Guilherme Silva Jr., que orientou o jovem jornalista durante a elaboração da obra, disse que se sentiu emocionado por estar diante de uma família completa de jornalistas e escritores.
CAMILA MARQUES / ESPECIAL PARA O MUNDO ASPERGER
No sábado, 23, segundo e último dia do Simpósio Internacional sobre Educação inclusiva, as possiblidades abertas a partir do afeto foram a principal pauta em rodas de conversas ministradas por doutores, educadores e autoridades, que discutiram sobre os desafios por uma sociedade mais inclusiva, apontando possiblidades e exemplos de que isso é, sim, possível. Mais do que incluir, é necessário dar autonomia, focando nas potencialidades de cada um.
A narração (mini spoiler, claro!) de “Danielle, Asperger”, pela contadora de histórias Roberta Colen, evidenciou a importância da percepção e compreensão da família na vida de um asperger. O romance, embora seja o segundo livro publicado por Victor Mendonça, na verdade foi o primeiro a ser escrito, sobre a vida de uma adolescente julgada como arrogante, mas que, na verdade, é apenas sincera. Ao mesmo tempo em que Danielle queria ser atriz, ela tinha problemas para se aceitar e sofria com a fobia social. Compreendida pela mãe e mal aceita pelo pai, a adolescente tinha sonhos, mas não sabia como realizá-los.
Para Roberta Colen, a arte, assim como a literatura, não deixa de ser um refúgio em um mundo onde estamos fadados a atender anseios de outras pessoas. Mãe de um adolescente autista, a contadora de histórias relata que seu filho também se refugia nos livros para se sentir aceito. “A adolescência não é uma fase fácil nem para o adolescente típico e nem para o atípico. A Danielle passa por muitas superações. O autismo não é um rótulo. O autista tem afeto e empatia. O adolescente comum só é válido se ele pertence a um grupo, como os nerds, ou é o namorador. No caso do autista, ele fica isolado, porque não se adequa a grupo nenhum”.
“Ela não vai aprender”
A determinação da jornalista, escritora e agora ativista da maternidade atípica Mariana Rosa, fez com que ela persistisse na busca por inclusão para a filha Alice, de seis anos. A pequena, que nasceu com paralisia cerebral, não foi aceita em seis escolas, entre públicas e privadas, que alegaram não haver recursos e vagas diante das limitações da menina, ou que não seria possível receber “aquele tipo de criança”.
“É inaceitável, em 2019, uma escola falar que não tem preparo”. Beatriz Camargos.
Mãe de Gabriel, Beatriz conta que a inclusão escolar foi o pilar para a inserção do filho no mercado de trabalho. O jovem, que mora na cidade de Florestal, na região metropolitana de BH, sai para trabalhar todos os dias na capital. Sozinho. Gabriel começou na empresa como mensageiro e hoje é auxiliar administrativo. Nos primeiros três meses, a mãe o esperava cumprir o expediente; depois, ele passou a ir sozinho. O jovem, que tem síndrome de Down, se lembra do bullying que sofreu na escola e das limitações que eram impostas a ele, além das próprias características. “Na minha cidade, o máximo que meu filho teria seria um emprego simples, como mensageiro na Prefeitura, mas eu queria mais para ele”, lembra a mãe. Hoje, Gabriel é também interprete de libras.
Educação inclusiva: uma realidade?
A promoção do desenvolvimento com autonomia é um dos desafios para educadores e mães de crianças com deficiência. Frederico Veloso defendeu que a criação de uma rotina com tarefas para a criança autista a estimula a adquirir deveres e, consequentemente, a ter responsabilidades. A professora Ângela Mathylde falou sobre a importância do ambiente seguro nas escolas, reconhecendo e respeitando as limitações das crianças. “Eu não confio em uma escola inclusiva. Eu confio em uma escola que inclui todos”, afirmou.
Bernardo Bis: um garoto especial
A terapeuta ocupacional Adriana Leister apontou que, ao longo da história, todas as pessoas que possuíam
Para Rejane, mãe de Pedro, de 14 anos e autista, o Simpósio Educacional sobre Educação Inclusiva enriqueceu e ajudou na busca de conhecimento para compartilhar com outras pessoas. Ela relata que mesmo com a suspeita aos dois anos e o diagnóstico aos quatro anos, ficou por dois anos sem nenhum contato com informações sobre o autismo. A partir do momento que decidiu buscar por informação, ela soube lidar melhor com o diagnóstico, obtendo avanços. “Participei dos dois dias do Simpósio e percebi que me enriqueceu muito como pessoa e mãe, porque muito do abordado eu já faço com o meu filho e tenho obtido sucesso, acrescentando mais experiência na minha vida. Só tenho a agradecer por tantos profissionais e tanta informação”.
Fotos: Dalila Benzaquen / Arquivo Pessoal
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