Pode o autista falar? - O Mundo Autista
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Pode o autista falar?

Sophia Mendonça questiona se pode o autista falar? Assim, ela esclarece a importância da escuta e das ciências humanas.

Sophia Mendonça questiona se pode o autista falar? Assim, ela esclarece a importância da escuta e das ciências humanas.

Sophia Mendonça questiona se pode o autista falar? Assim, ela esclarece a importância da escuta e das ciências humanas.

Sophia Mendonça questiona se pode o autista falar? Assim, ela esclarece a importância da escuta e das ciências humanas.

Pode o autista falar? Afinal, uma pergunta das mais recorrentes entre pais e mães de autistas é ‘meu filho vai falar?’. A resposta, é claro, depende de vários fatores. O que inclui questões motoras, ausência ou presença de apraxia da fala e a qualidade dos estímulos que essa criança recebe. Nesse sentido, profissionais da fonoaudiologia e da Terapia Ocupacional são importantes, ainda que por vezes esquecidos pelo saber médico. 

A importâncias das Ciências Humanas no Autismo

Porém, o que os pais e profissionais não costumam levar em consideração são aspectos dos estudos da comunicação e da linguagem que em diversos momentos históricos (a Terra é redonda, negros não são menos capazes que brancos, o mundo não é o centro do Universo) colocaram em xeque visões sedimentadas e pseudocientíficas. Perspectivas estas que circularam como verdades em tempos remotos, em muitos casos se retroalimentando das ciências mais duras, como a biologia e a medicina.

Alguns desses mitos ainda aparecem no discurso popular e reverberam nas redes sociais e na prática clínica de alguns profissionais. Exemplos disso são a ideia de que alguém pode pertencer de modo totalmente incomunicável a um ambiente coletivo. Sabemos que isso vem da visão colonizadora que considera a diferença como ausência. Assim, estabeleceram-se pelos pesquisadores europeus critérios que desconsideram os dialetos indígenas, por exemplo, como línguas.

Afinal, pode o autista falar?

Em Pode o Subalterno Falar?, a cientista indiana Garyn Spivak argumenta que os estudiosos ocidentais costumam ter uma visão repleta de vieses dos países de “Terceiro Mundo”. Isso quer dizer que as pessoas que vivem nesses contextos são vistas como representações, ou um “Outro” subalterno. Portanto, elas têm menor possibilidade de se expressar e de terem suas falas ouvidas. O que ocorre mesmo em momentos como rituais de suicídio, com comunicação explícita de alerta.

No caso de autistas em relação com neurotípicos, esse tipo de discurso também é evidente. Para muitos, podemos até falar, desde que não discordemos do saber vigente perpetuado por certas áreas do conhecimento. Nesse viés, pouco importa as percepções ou os argumentos. O que realmente parece valer nesses casos são as figuras de autoridade. Isso é uma pena, porque todos os lados perdem possibilidades muito ricas que vem do diálogo.

Autora

Sophia Mendonça é jornalista e escritora. Também, atua como youtuber do canal “Mundo Autista e é colunista da “Revista Autismo/Canal Autismo“ e do “Portal UAI“. Além disso, é mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Assim, em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Já em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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