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Pessoas no espectro do autismo e a gratidão

Hoje é um dia que eu gosto muito. Aliás, não somente eu. É o dia da gratidão. Mas como ficam as pessoas no espectro do autismo e a gratidão? Por exemplo eu, adulta, diagnosticada e vacinada (literalmente)? Pois então, eu dou gargalhadas quando ouço que autista não tem sentimentos.

Selma e Sophia, mãe e filha autistas, tomam a dose de reforço contra a covid, no dia da gratidão.

Confesso, aqui entre nós, que já blasfemei coisa parecida contra minha amada Sophia. Que injustiça. Uma coisa é não entender como a pessoa com cérebro neurodivergente funciona. Outra coisa bem diferente é tentar ajustá-la ao nosso repertório de conhecimento.

Pessoa autista não é fria e calculista, via de regra

Meu diagnóstico tardio se deve, incontestavelmente, à falta de conhecimento à época em que nasci. Aliás, não parou por aí. Quando recebi o diagnóstico de Sophia, argumentei com meu psicólogo as tantas características semelhantes às minhas. Ao que ele, prontamente, descartou com uma sonora gargalhada, acompanhada de uma frase que me machuca até hoje: “Não, você não é autista. Afinal, é a pessoa mais humana e empática que conheço. Oiii?

As sutilezas das mulheres no espectro do autismo

Mais tarde, percebi que meu psicólogo acreditou que estava me protegendo. Teve medo de eu esmorecer ao ter certeza de minhas limitações. Ok, não esmoreci. Mas me arrebentei. Contudo, reconheço, ele me treinava em estratégias para lidar com os desafios do dia a dia. Até que um dia, veio a revelação: o que mais me distanciou de um diagnóstico, era minha característica autística mais evidente. Ou seja, a hiperempatia.

Certamente, a hiperempatia me rendeu muitos desmaios, choros sem motivo aparente, e a percepção que jamais poderia me lançar à área médica. Foi aí que decidi entender de gente e de como as pessoas se relacionam. Sou formada em Comunicação Social. Mas nunca esqueci meu desejo de optar pela psicologia. Entretanto, a psicologia era o que meu coração queria mas meu lado prático me lançou à Comunicação. Essa sim, era uma área desafiadora em minha minha vida.

Voltando à gratidão e as pessoas no espectro do autismo

Hoje, 06 de janeiro, é o Dia da Gratidão. Esse sentimento me libertou e salvou minha vida. Ser uma pessoa ingrata é não enxergar o que a vida dá a você. Isso mesmo. Tantos as coisas boas como as ruins são fatos inexorável de nossas vidas. Tudo que nos acontece traz, em si, a semente do aprendizado, do impulso necessário às conquistas. Basta que tenhamos olhos para ver, coragem para avançar, sabedoria para não desistir e compaixão para não cedermos à mediocridade.

Dessa forma, otimizamos o bom e jogamos luz no ruim para enxergar e enfrentar. Depois disso, surpresa! Passamos a não temer o futuro. Então, realidades como autismo, incongruência de gêneros, origem humilde, nada disso pode nos assustar.

Olho para trás e meu coração se enternece de tanta gratidão: tive bisavó, avós, tios, pai, mãe e família na medida exata para meu crescimento. Essas pessoas me acolheram, me ensinaram sobre o amor e a tenacidade. Mais que isso, me instigaram a ser melhor a cada dia. Sonho com o retorno da escola pública e dos mestres que são responsáveis por minha formação humana. Tive e tenho poucos e raros amigos. Sem contar com os companheires e colegas vida afora.

Minha religião e companheires de prática me permitem conhecer a importância de nossa Revolução Humana. Sim, revolução pois são esforços diários que nos transformam para toda a eternidade. Gratidão ao filósofo contemporâneo, Daisaku Ikeda que, aos 94 anos recém completados, continua me inspirando. Afinal, é como ele diz:

“Seja como for a grandiosa Revolução humana de uma única pessoa, irá um dia impulsionar a mudança total do destino de um país, e além disso, será capaz de transformar o destino de toda a humanidade.”

#gratidão #gratidãoeterna #autismoediversidade

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