Saúde

Pensamento Rígido e Cérebro Autista

Você já se sentiu presa em suas próprias “armadilhas do cérebro”? No Pensamento Rígido? Ou seja, aquela sensação de que sua forma de pensar é tão rígida que impede você de ver outras perspectivas ou “luzes” em uma situação?

Essa experiência é um desafio comum para muitas pessoas, especialmente no espectro. Afinal, o pensamento rígido pode nos fazer sentir dependentes de outros para “decodificar o mundo”. Com isso, pode minar nossa autoconfiança.

Mas há uma saída. Isso porque a verdadeira autonomia começa quando aprendemos a quebrar esse ciclo. E a solução é uma estratégia poderosa: aprender a questionar os nossos próprios pensamentos.

O Que é o Pensamento Rígido e Por Que é um Desafio?

O pensamento rígido está muitas vezes associado ao cérebro autista. Ele é uma tendência a ver o mundo em termos absolutos. Com isso, dificulta a adaptação a mudanças ou a compreensão de nuances. Contudo, não se trata de uma falha, mas de um padrão de processamento.

O problema surge quando esse padrão nos impede de ter nossa própria voz. Então, se você constantemente precisa de validação externa, está na hora de desenvolver ferramentas internas para a flexibilidade cognitiva.

Estratégias Práticas para Superar o Pensamento Rígido

Para “hackear” essa rigidez e ganhar autonomia, existem duas táticas mentais que qualquer um pode praticar.

1. Pratique a “Advocacia do Diabo” Interna

A primeira técnica é não aceitar seu pensamento inicial como uma verdade absoluta. Minha mãe, por exemplo, também autista. E empre fica ponderando na cabeça dela, sendo a própria advogada do diabo.

Isso significa se perguntar ativamente:

  • “E se minha primeira impressão estiver errada?”
  • “Existe outra forma de interpretar esta situação?”
  • “O que eu não estou vendo?”

Portanto, essa auto-ponderação consciente é o primeiro passo para quebrar a rigidez.

2. Use o “Lead Jornalístico” para Entender Sentimentos

Quando se sentir sobrecarregado por uma emoção, pegue emprestada uma ferramenta do jornalismo: o “lead” (lide). Então, em vez de apenas sentir, investigue o sentimento. Para isso, faça as perguntas clássicas:

  • O quê? (O que exatamente aconteceu? Tente descrever fatos e não sentimentos.)
  • Como? (Como eu estou me sentindo agora? Nomeie a emoção.)
  • Por quê? (Por que estou me sentindo assim? Qual foi o gatilho?)

Essa abordagem estruturada ajuda a entender a causa do sentimento. Dessa forma, dá a você o po der de decidir o que fazer com ele.

Conclusão: Sentir vs. Consentir e o Pensamento Rígido

A jornada para a autonomia não é sobre deixar de ter pensamentos rígidos, mas sobre como respondemos a eles.

Portanto, “o problema não é sentir, é consentir”.

Afinal, sentimentos são apenas dados. O problema é quando “consentimos” com eles. Em outras palavras, surge quando ficamos remoendo. Com isso, permitimos que um pensamento rígido dite nossa realidade sem qualquer questionamento.

Ao aplicar essas estratégias, você para de ser um passageiro das “armadilhas do cérebro”. E se torna o piloto da sua própria mente. Aliás, este é um grande passo na busca pela autonomia.

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Autora

Sophia Mendonça é jornalista, professora universitária e escritora. Além disso, é mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UFPel). Idealizadora da mentoria “Conexão Raiz”. Ela também ministrou aulas de “Tópicos em Produção de Texto: Crítica de Cinema “na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), junto ao professor Nísio Teixeira. Além disso, Sophia dá aulas de “Literatura Brasileira Contemporânea “na Universidade Federal de Pelotas (UfPel), com ênfase em neurodiversidade e questões de gênero.

Atualmente, Sophia é youtuber do canal “Mundo Autista”, crítica de cinema no “Portal UAI” e repórter da “Revista Autismo“. Aliás, ela atua como criadora de conteúdo desde 2009, quando estreou como crítica de cinema, colaborando com o site Cineplayers!. Também, é formada nos cursos “Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica” (2020) e “A Arte do FIlme” (2018), do professor Pablo Villaça. Além disso, é autora de livros-reportagens como “Neurodivergentes” (2019), “Ikeda” (2020) e “Metamorfoses” (2023). Na ficção, escreveu obras como “Danielle, asperger” (2016) e “A Influenciadora e o Crítico” (2025).

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