Depois da lista de melhores do ano, divulgo agora minhas observações sobre os que considerei os dez piores filmes de 2023.
Os Mercenários 4 busca conferir um significado novo à franquia ao trazer uma nova geração de integrantes à equipe de personagens. Porém, na prática, o que se vê não tem frescor. Dessa forma, trata-se de uma produção boba e com muita ação, mas sem jamais provocar curiosidade ou emoção. Tudo aqui é muito gênerico. Com isso, torna-se um filme monótono e cansativo.
Mesmo com o ceticismo atual das plateias, ainda havia a possibilidade de acertar e surpreender. Isso porque o cineasta William Friedkin, no original, conseguia tocar no medo da possível existência de forças ou energias negativas independentemente da nomenclatura religiosa. A questão é que o terror psicológico visto em “O Exorcista”, de 1973, era tão forte que poucos filmes conseguem se aproximar da experiência nesse sentido. Mas, “O Exorcista: O Devoto” parece nem tentar respeitar ou conversar com esse legado. Dessa forma, o filme de 2023 é tanto um fracasso artístico quanto, o que é ainda pior, um exemplo do que há de mais oportunista no terror contemporâneo.
Ursinho Pooh: Sangue e Mel parte de uma ideia curiosa ao colocar um personagem emblemático do imaguinário infantil como base para um filme de terror slasher. Porém, na prática, o filme não oferece absolutamente nada de interessante nem no aspecto metafórico do horror, nem nas possibilidades de diversão descompromissada. Para piorar, a maneira como a obra lida com as personagens femininas é sofrível e machista.
Angela não aproveita absolutamente nenhuma nuance da história real em que se baseia, que além de ser juridicamente relevante e dramaticamente intensa, poderia gerar uma obra que dialogasse com o feminicídio, a violência e a misogenia contemporâneos. Porém, o que se vê na tela é apenas um romance sexualizado que sequer é capaz de abordar a personalidade dos personagens.
Cemitério Maldito é uma produção modesta e muito mal realizada. Por exemplo, a caracterização dos anos 60 é sofrível. Além disso, essa história de origem não acrescenta nada à franquia, nem consegue se conectar com os filmes anteriores.
Mansão Mal-Assombrada tem muitos problemas graves, a começar pelo roteiro que simplesmente não tem onde se sustentar. Ou seja, embora a sugestão de luto pudesse gerar uma trama interessante, o filme é simplista do enredo até os diálogos. Então, a obra tenta se apoiar em sequências que buscam simular a experiência do parque temático. O que acaba revelando-se outro revés, porque o formato cinematográfico requer diferentes estratégias para a imersão das plateias. Com isso, falta aqui a ambição de criar algo a mais do que uma emulação de quem vai ao brinquedo.
A Freira II é mais uma variação de Invocação do Mal que repete superficialmente as convenções do terror sobre assombrações. Assim, revela-se um passatempo genérico e desinteressante. E nem a atuação competente de Taissa Farmiga, no papel principal, tem oportunidade de oferecer maior densidade, diversão ou medo à narrativa.
Meus Sogros Tão Pro Crime visa a abordar assuntos contemporâneos, como a tecnologia, mas se sustenta em uma estrutura ultrapassada de comédia no estilo Adam Sandler, que aqui trabalha na produção. Assim, o humor revela-se bobo e sem graça.
Hyptonic é um suspense sem um fio condutor lógico ou criterioso. Com isso, revela-se um tedioso amontoado de absurdos mal escrito e dirigido, que consegue desperdiçar composições interessantes de Alice Braga e Willian Fichner. Para piorar, o protagonista é vivido por Ben Affleck de maneira canastrona.
As Marvels é mais um filme de super-herói da Marvel que aposta em uma fórmula mercadológica de diluir as mesmas produções entre cinema e televisão. O resultado é um filme tedioso e sem personalidade própria, realizado apenas para integrar um universo cinematográfico denso e com fortes sinais de esgotamento. Com isso, desperdiça talentos do elenco à direção. Este longa-metragem, para piorar, é um dos mais mal-feitos do estúdio. Isso porque a direção de arte e a montagem são genéricas e mal acabadas.
Sophia Mendonça é uma jornalista, escritora e pesquisadora brasileira. É mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+
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