Arte e entretenimento

Os dez piores filmes de 2023

Depois da lista de melhores do ano, divulgo agora minhas observações sobre os que considerei os dez piores filmes de 2023.

1. Os Mercenários 4

Os Mercenários 4 busca conferir um significado novo à franquia ao trazer uma nova geração de integrantes à equipe de personagens. Porém, na prática, o que se vê não tem frescor. Dessa forma, trata-se de uma produção boba e com muita ação, mas sem jamais provocar curiosidade ou emoção. Tudo aqui é muito gênerico. Com isso, torna-se um filme monótono e cansativo.

2. O Exorcista: O Devoto

Mesmo com o ceticismo atual das plateias, ainda havia a possibilidade de acertar e surpreender. Isso porque o cineasta William Friedkin, no original, conseguia tocar no medo da possível existência de forças ou energias negativas independentemente da nomenclatura religiosa. A questão é que o terror psicológico visto em “O Exorcista”, de 1973, era tão forte que poucos filmes conseguem se aproximar da experiência nesse sentido. Mas, “O Exorcista: O Devoto” parece nem tentar respeitar ou conversar com esse legado. Dessa forma, o filme de 2023 é tanto um fracasso artístico quanto, o que é ainda pior, um exemplo do que há de mais oportunista no terror contemporâneo.

3. Ursinho Pooh: Sangue e Mel

Ursinho Pooh: Sangue e Mel parte de uma ideia curiosa ao colocar um personagem emblemático do imaguinário infantil como base para um filme de terror slasher. Porém, na prática, o filme não oferece absolutamente nada de interessante nem no aspecto metafórico do horror, nem nas possibilidades de diversão descompromissada. Para piorar, a maneira como a obra lida com as personagens femininas é sofrível e machista.

4. Ângela

Angela não aproveita absolutamente nenhuma nuance da história real em que se baseia, que além de ser juridicamente relevante e dramaticamente intensa, poderia gerar uma obra que dialogasse com o feminicídio, a violência e a misogenia contemporâneos. Porém, o que se vê na tela é apenas um romance sexualizado que sequer é capaz de abordar a personalidade dos personagens.

5. Cemitério Maldito: A Origem

Cemitério Maldito é uma produção modesta e muito mal realizada. Por exemplo, a caracterização dos anos 60 é sofrível. Além disso, essa história de origem não acrescenta nada à franquia, nem consegue se conectar com os filmes anteriores.

6. Mansão Mal-Assombrada

Mansão Mal-Assombrada tem muitos problemas graves, a começar pelo roteiro que simplesmente não tem onde se sustentar. Ou seja, embora a sugestão de luto pudesse gerar uma trama interessante, o filme é simplista do enredo até os diálogos. Então, a obra tenta se apoiar em sequências que buscam simular a experiência do parque temático. O que acaba revelando-se outro revés, porque o formato cinematográfico requer diferentes estratégias para a imersão das plateias. Com isso, falta aqui a ambição de criar algo a mais do que uma emulação de quem vai ao brinquedo.

7. A Freira 2

A Freira II é mais uma variação de Invocação do Mal que repete superficialmente as convenções do terror sobre assombrações. Assim, revela-se um passatempo genérico e desinteressante. E nem a atuação competente de Taissa Farmiga, no papel principal, tem oportunidade de oferecer maior densidade, diversão ou medo à narrativa.

8. Meus Sogros Tão Pro Crime

Meus Sogros Tão Pro Crime visa a abordar assuntos contemporâneos, como a tecnologia, mas se sustenta em uma estrutura ultrapassada de comédia no estilo Adam Sandler, que aqui trabalha na produção. Assim, o humor revela-se bobo e sem graça.

9. Hypnotic: Ameaça Invisível

Hyptonic é um suspense sem um fio condutor lógico ou criterioso. Com isso, revela-se um tedioso amontoado de absurdos mal escrito e dirigido, que consegue desperdiçar composições interessantes de Alice Braga e Willian Fichner. Para piorar, o protagonista é vivido por Ben Affleck de maneira canastrona.

10. As Marvels

As Marvels é mais um filme de super-herói da Marvel que aposta em uma fórmula mercadológica de diluir as mesmas produções entre cinema e televisão. O resultado é um filme tedioso e sem personalidade própria, realizado apenas para integrar um universo cinematográfico denso e com fortes sinais de esgotamento. Com isso, desperdiça talentos do elenco à direção. Este longa-metragem, para piorar, é um dos mais mal-feitos do estúdio. Isso porque a direção de arte e a montagem são genéricas e mal acabadas.

Autora

Sophia Mendonça é uma jornalista, escritora e pesquisadora brasileira. É mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+

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