Hoje vou falar sobre o sofrimento incompreendido de mulheres com privilégio social. Isso porque, em 2024, pretendo dar maior atenção à minha carreira como escritora de ficção. Afinal, este é um dos aspectos profissionais em que mais gosto de atuar, ao mesmo tempo em que foi relativamente pouco explorado desde os meus primeiros trabalhos como escritora e jornalista. É que, em paralelo à produção de conteúdo e à escrita acadêmica, publiquei quatro obras de ficção até hoje. Além disso, estou trabalhando em mais dois contos para o início de 2024.
Assim, o meu trabalho como autora de ficção encontra inspiração nas minhas próprias vivências cotidianas como uma jovem autista. Porém, ele também se expande para debates sobre temas mais amplos, como o lado sombrio da fama e as relações familiares entre mulheres. Além disso, as narrativas fictícias que escrevo tem um aspecto simbólico mais elaborado, de modo a se expandirem por “reinos encantados”.
Dessa forma, elas têm um olhar voltado tanto às criações imaginárias de contos de fadas ou representações dos bastidores de contextos reais usualmente romantizados no nosso imaginário. Isso porque eu adoro abordar as histórias de pessoas que, mesmo em posições de privilégio social, tem que lutar contra um sofrimento interno e incompreendido. Porém, esse sofrimento que dá origem à trama sempre é muito real, afeta as relações das protagonistas e se identifica com a dor de tanta gente que elas imaginam conhecer.
Então, no centro dessas ficções, há sempre uma mulher em busca da própria identidade. Essa personagem ao mesmo tempo descobre e define quem ela é por meio das interações com outras pessoas. Este é o caso da personagem-título de Danielle (2016), uma adolescente que sonha em conhecer um ídolo; de Ana, a artista detestada pela própria irmã em Ana e a Irmã (antologia Dez Anos Depois, 2018); da rainha das fadas e mãe de um bruxo Annabeth em Entre Fadas e Bruxos (2019) e de Antonella, a mãe dedicada à felicidade do filho em meio a um pesadelo na obra Nem Tudo é o que Parece (2023).
Sophia Mendonça é uma jornalista, escritora e pesquisadora brasileira. É mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+
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