O Significado de "Bandaids Over a Broken Heart" e a evolução emocional de Katy Perry na música que ilustra o término com Orlando Bloom.
Em uma carreira marcada por músicas motivadoras com letras otimistas, Katy Perry sempre foi mestre em transformar dores pessoais em hinos pop. Então, se você cresceu ouvindo “Teenage Dream“, provavelmente sentiu o impacto da nova faixa da cantora, “Bandaids”. A canção, inclusive, recebeu um clipe ótimo com referências aos filmes de terror da cinessérie “Premonição”, onde o contato com a finitude é inegociável.
Mas não se engane: essa não é apenas mais uma música de término. Na verdade, trata-se uma balada sobre maturidade, exaustão e a aceitação de que nem todo amor pode ser salvo. Neste artigo, vamos mergulhar na letra de “Bandaids” e analisar como ela completa uma trilogia emocional iniciada há 15 anos.
A metáfora central da música é simples, mas devastadora. Afinal, um Band-Aid serve para pequenos cortes superficiais. Portanto, tentar colar um curativo simples sobre um “coração partido” — uma ferida interna e profunda — é um esforço inútil. Sem contar que, no caso de um Band-Aid, quanto mais rápido o tiramos, menor é a dor.
Katy usa essa imagem para ilustrar um relacionamento onde um dos parceiros tenta consertar problemas estruturais graves com soluções temporárias. Como ela canta no pré-refrão: “No use tryna send flowers now” (Não adianta tentar enviar flores agora). Afinal, flores e desculpas são os “curativos” que não estancam a hemorragia de uma relação que está morrendo.
Diferente de músicas que falam de traição ou brigas explosivas, “Bandaids” foca na omissão. O verso “It’s not what you did, it’s what you didn’t” (Não é o que você fez, é o que você não fez) resume a dor da negligência emocional.
Dessa forma, a letra utiliza um vocabulário médico-hospitalar para descrever essa morte lenta:
Assim, a música revela que o relacionamento acabou porque o básico deixou de existir. Ou seja, o interesse genuíno, como perguntar “como foi o seu dia”, desapareceu. O que transformou a presença física do ex-marido em ausência emocional.
Para entender a profundidade de “Bandaids”, precisamos olhar para o passado. Ao compararmos essa nova faixa com seus sucessos anteriores, vemos a clara evolução de uma mulher lidando com o luto amoroso.
Há 15 anos, a dor de Katy vinha do arrependimento. Em “The One That Got Away”, ela idealizava o passado e culpava o destino. Assim, desejava ter uma máquina do tempo. Era, portanto, a fase da negação e da fantasia.
Logo depois, veio a fase da raiva e da desilusão. Em “Wide Awake”, ela acordou do “sonho adolescente” (Teenage Dream) sentindo-se enganada. Assim, o término era visto como uma queda brutal de um prédio alto. Era, portanto, a fase da sobrevivência
.Agora, chegamos à paz. Isso porque “Bandaids” não tem vilões, nem máquinas do tempo. Em vez disso, ela mostra uma dor cansada, de quem tentou de tudo.
A maior reviravolta da música, entretanto, está no trecho:
“If I had to do it all over again / I would still do it all over again” (Se eu tivesse que fazer tudo de novo / Eu faria tudo de novo)
Katy saiu da menina que chorava pelo que perdeu para se tornar a mulher que entende que a dor é o preço de um amor que foi real. Ela valida a história que viveram (“nós nunca fingimos nas fotos”), mas aceita que tentar colocar um Band-Aid no fim inevitável não funciona mais. E a margarida que aparece no clipe representa a filha Daisy, cujo nome trazido é o mesmo da flor. Assim, o amor gerou um fruto que lhe dá esperança e energia.
“Bandaids” é a forma mais saudável de dizer adeus na discografia de Katy Perry. Isso porque ela nos ensina que aceitar o fim não significa que o relacionamento foi um fracasso, mas sim que o ciclo se encerrou. E, às vezes, a atitude mais corajosa não é continuar tentando estancar o sangramento, mas deixar a ferida respirar para, finalmente, cicatrizar.
Sophia Mendonça é jornalista, professora universitária e escritora. Além disso, é mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UFPel). Idealizadora da mentoria “Conexão Raiz”. Ela também ministrou aulas de “Tópicos em Produção de Texto: Crítica de Cinema “na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), junto ao professor Nísio Teixeira. Além disso, Sophia dá aulas de “Literatura Brasileira Contemporânea “na Universidade Federal de Pelotas (UfPel), com ênfase em neurodiversidade e questões de gênero.
Atualmente, Sophia é youtuber do canal “Mundo Autista”, crítica de cinema no “Portal UAI” e repórter da “Revista Autismo“. Aliás, ela atua como criadora de conteúdo desde 2009, quando estreou como crítica de cinema, colaborando com o site Cineplayers!. Também, é formada nos cursos “Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica” (2020) e “A Arte do FIlme” (2018), do professor Pablo Villaça. Além disso, é autora de livros-reportagens como “Neurodivergentes” (2019), “Ikeda” (2020) e “Metamorfoses” (2023). Na ficção, escreveu obras como “Danielle, asperger” (2016) e “A Influenciadora e o Crítico” (2025).
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