O estresse no autismo, quando recorrente, pode gerar inúmeras doenças. Nesse caso, ao ir ao médico, a pessoa, quase sempre, é tratada como se tudo fosse o autismo. Assim, não haveria nada a fazer. Não poderia haver engano maior. Quem está dentro do espectro é, antes de tudo, ser humano. Sujeito, portanto, a todas as alegrias e intempéries humanas.
No meu caso, eu passei a vida toda em estado de alerta. A construção social sempre foi algo difícil e imprevisível para mim. Um verdadeiro desafio, portanto. Desse modo, precisei criar estratégias cada vez mais refinadas, para enfrentar a vida. Ou seja, vivia estressada. O estresse é uma reação natural do organismo quando vivenciamos situações de perigo ou ameaça. Esse mecanismo nos coloca em estado de alerta ou alarme, provocando alterações físicas e emocionais. A reação ao estresse é uma atitude biológica necessária para a adaptação às situações novas.
No início, eu sentia, constantemente, meus pés frios, a boca seca, dor no estômago, tensão e dor muscular, aperto na mandíbula/ranger os dentes, insônia, batimentos cardíacos acelerados, respiração ofegante, aumento súbito e passageiro da pressão sanguínea, agitação.
Tentar me reequilibrar gerava, com frequência, problemas com a memória, mal-estar generalizado, formigamento nas extremidades nas mãos, sensação de desgaste físico constante, mudança no apetite, aparecimento de problemas de pele, hipertensão arterial, cansaço constante, gastrite prolongada, tontura; sensibilidade emotiva excessiva; irritabilidade excessiva; desejo sexual diminuído.
Foi a repetição dessa fase que me levou a diversos comprometimentos físicos em forma de doença. Por exemplo, agora eu posso, aparentemente sem causa definida, ter diarreias frequentes, perda da libido; formigamento nas extremidades, insônia, stins (estereotipia) nervosos, hipertensão arterial confirmada, problemas de pele prolongados, mudança extrema de apetite, batimentos cardíacos acelerados, tontura frequente, úlcera, dificuldade de trabalhar, pesadelos, apatia, cansaço excessivo, irritabilidade, angústia, hipersensibilidade emotiva, perda do senso de humor.
Ainda tenho esperança de reverter a pressão alta, 150×100 mesmo com a medicação em dia. Além disso, faço tratamento para a insônia, batimentos cardíacos que está em 123 bpm, quando não estou fazendo esforço e perda de libido. Para os outros sintomas, trabalho com o psiquiatra, clínico geral e psicólogo. Em 2025, espero conseguir fazer tratamento com a nutricionista, para melhorar a qualidade de minha alimentação. E, certamente, fazer exercício físico constante. Aliás, o exercício
não é mais escolha, é necessidade.Aqui em casa, somos eu e minha filha autista, como vocês sabem. Desse modo, o fim de ano já é, em si, um desafio para as características da pessoa que está dentro do espectro. Neste ano, 2024, ainda tivemos a mudança de vir de Pelotas para aqui, em Jaboticatubas, MG, onde minha mãe tem um sítio. Acontece que, para quem está acostumada com apartamento, sítio tem prazo de validade. Ficar dois meses direto é impossível.
Porém, eu e minha filha fizemos um combinado de fazermos o esforço que fosse necessário para não entrarmos em colapso (ter crise). Até hoje, conseguimos. Porém, hoje, minha menina chegou ao limite. Não conseguiu lidar com tanta mudança. Como eu já estou me esforçando, também não consegui usar as estratégias para o momento. Conclusão, nós duas entramos em crise. E não foi bonito, mas, principalmente, não foi nada bom.
Agora, minha filha foi para Belo Horizonte, ficar no apartamento da madrinha dela. Eu fiquei por aqui. Vamos manter o distanciamento necessário para nos organizarmos emocionalmente. Já sabemos, desde há muito tempo, que devemos transformar cada momento difícil em aprendizado. Para isso, vivemos um dia de cada vez. Portanto, está tudo bem. Amanhã, será um novo dia!
Selma Sueli Silva é criadora de conteúdo e empreendedora no projeto multimídia Mundo Autista D&I, escritora e radialista. Especialista em Comunicação e Gestão Empresarial (IEC/MG), ela atua como editora no site O Mundo Autista (Portal UAI) e é articulista na Revista Autismo (Canal Autismo). Em 2019, recebeu o prêmio de Boas Práticas do programa da União Europeia Erasmus+. Prêmio Microinfluenciadores Digitais 2023, na categoria PcD. É membro da UNESCOSOST movimento de sustentabilidade Criativa, desde 2022.
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